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POLÍTICA: Deputada que votou contra cassação de Cunha vira procuradora da Câmara

Entre as funções de Jozi Araújo, está a de defender a imagem da Câmara. 
Rodrigo Maia entregou vaga ao PTN, que indicou deputada do Amapá.

Fernanda CalgaroDo G1, em Brasília


A deputada Jozi Araújo (PTN-AP), nova procuradora paralmentar da Câmara (Foto: Fernanda Calgaro/G1)

Integrante do grupo de dez parlamentares que votaram contra a cassação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a deputada Jozi Araújo (PTN-AP) assumiu, há cerca de duas semanas, o cargo de procuradora parlamentar da Câmara.

Na função, Jozi Araújo, em seu primeiro mandato, será responsável por promover a defesa da Câmara e de deputados que entenderem que tiveram a honra ou imagem atingidas em razão do exercício do mandato.

Entre as atribuições da Procuradoria Parlamentar da Câmara também está pedir, via Ministério Público ou Advocacia-Geral da União, reparação por parte de "órgão de comunicação ou de imprensa que veicular matéria ofensiva à Casa ou a seus membros".

Eu participei da campanha do Eduardo Cunha [à presidência da Câmara] e, em algumas ações, eu estive muito próxima dele"
Deputada Jozi Araújo (PTN), nova procuradora da Câmara

Ao G1, Jozi Araújo, ao falar sobre a relação política com Eduardo Cunha, disse que participou da campanha eleitoral dele à presidência da Câmara, em 2015, e em "algumas ações" ao lado do peemedebista, mas sem entrar em detalhes.


"Na verdade, eu participei da campanha do Eduardo Cunha [à presidência da Câmara] e, em algumas ações, eu estive muito próxima dele", afirmou.

Questionada, então, sobre se poderia ser considerada uma aliada de Cunha, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, Jozi Araújo limitou-se a responder: "Participei do processo de campanha eleitoral assim como 370 parlamentares participaram".

A nova procuradora da Câmara está no PTN desde fevereiro deste ano, quando deixou o PTB. Ainda como filiada à legenda, chegou a integrar o Conselho de Ética da Câmara por indicação do líder do partido, Jovair Arantes (GO), um dos principais articulares da tropa de choque de Eduardo Cunha que atuava na Câmara.

Jozi Araújo destaca que não chegou a participar de votações no Conselho de Ética e que passou logo a ser suplente. Nos bastidores, porém, a atuação dela era alinhada com a defesa de Cunha
.

"Ela só não apresentava as questões de ordem como o [deputado Carlos] Marun [um dos mais fiéis a Cunha], mas ela era aliadíssima de primeira hora do Cunha", afirma um dos parlamentares mais influentes no colegiado, sob a condição de anonimato.

Já no PTN, a deputada foi indicada para compor a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na época em que se discutia uma consulta feita por aliados de Cunha sobre os procedimentos de votação de processos disciplinares no plenário, o que poderia abrir uma brecha para fixar uma punição mais branda ao peemedebista.

Ao comentar o voto contra a cassação de Cunha, Jozi disse não concordar em retirar o mandato de alguém sem uma condenação definitiva pela Justiça e destacou que, pelo mesmo motivo, votou contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

"Na verdade, eu tenho um posicionamento não só sobre Eduardo Cunha, mas em relação à ex-presidente Dilma Rousseff, porque sou contra totalmente à cassação política antes do trânsito em julgado [na Justiça]. No caso dos dois, eu não enxerguei, em hipótese alguma, uma situação jurídica nesse sentido", afirmou a deputada.


A deputada Jozi Araújo, no plenário da Câmara, ao lado do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

Durante a sessão que julgou a cassação do ex-presidente da Câmara, Jozi foi uma das poucas parlamentares que ficaram ao lado de Cunha no plenário (veja na foto acima).

Ao G1, a deputada disse que a opinião dela sobre o processo de Cunha não irá interferir na atuação à frente da Procuradoria Parlamentar. "Aqui, eu tenho uma missão de seguir o regimento da Casa, de seguir os artigos e as prerrogativas que me foram conferidas. Essa é a minha missão aqui. As minhas opiniões são distintas em relação ao meu posicionamento aqui", enfatizou.

Rodrigo Maia
Questionado pelo G1 sobre a escolha de Jozi Araújo para o posto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), explica que entregou o cargo ao PTN, cuja bancada é formada por 13 deputados, para "valorizar" os partidos que o ajudaram a ser eleito, em julho.

Sobre o fato de Jozi ser vista entre os deputados como aliada de Cunha, Maia descarta que isso possa gerar algum tipo desgaste para a imagem da Câmara. "Não acredito".

Indagado, então, sobre se considera que a nova procurada da Câmara pode tomar alguma medida que, em tese, beneficia Cunha, Maia é taxativo. "Claro que não!".

Pelas regras internas, o mandato do procurador é de dois anos e a escolha fica a critério do presidente da Câmara. Por acordo entre os partidos, a vaga estava com o DEM e era ocupada desde 2013 pelo deputado Cláudio Cajado (DEM-BA).

Biografia
Empresária do ramo de joias, Jozi Araújo preside a Federação das Indústrias do Estado do Amapá (Fieap) e foi eleita deputada com 10.007 votos. Sem ensino superior, a nova procuradora frisa que o regimento interno da Câmara não exige formação jurídica para ocupar a vaga.

"Eu sou empresária. Para ocupar o cargo, não há uma exigência regimental que exija a formação jurídica de advogada", afirma, acrescentando que está concluindo um curso na área de gestão empresarial e gestão pública.

Jozi Araújo ressalta, ainda, que a Casa dispõe de uma equipe técnica e que o cargo de procuradora se trata de uma indicação política.

O cargo que eu ocupo é uma indicação política, mas aqui temos a equipe técnica que é formada por excelentes advogados que fazem a parte jurídica"

Deputada Jozi Araújo (PTN), nova procuradora da Câmara


"O cargo que eu ocupo é uma indicação política, mas aqui temos a equipe técnica que é formada por excelentes advogados que fazem a parte jurídica em relação às ações que são solicitadas na hora de defender o parlamentar", diz.

Condenação
Jozi Araújo já foi denunciada pelo Ministério Público do Amapá por suposto desvio de dinheiro de uma cooperativa de veículos.

A deputada chegou a ser condenada em primeira instância a 1 ano e 4 meses de prisão por apropriação indevida, mas recorreu da decisão.

Ao tomar posse como deputada, ela teve o caso remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF), a quem cabe julgar pessoas com foro privilegiado, e o processo acabou prescrito, porque já havia passado muito tempo.

Ao falar sobre o assunto ao G1, ela diz que a acusação não era verdadeira e que teve motivação política.
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Autor Everaldo Paixão

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