NOTÍCIAS

Campos usa ‘robôs’ reais para viralizar mensagens nas redes e aumentar sua popularidade

Candidato do PSB pede a simpatizantes a ‘doação de postagens’, mas não explica que conteúdos podem ser publicados

POR 
O GLOBO


Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva pedem a doação de postagens na página oficial do candidato à Presidência da República - Reprodução da Internet

SÃO PAULO — O candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB) quer o voto, o apoio e, agora, a rede social do eleitor para postar mensagens de campanha. Necessitando urgentemente tornar-se mais conhecido entre o eleitorado — segundo a última pesquisa do Instituto Datafolha, o candidato é desconhecido de quase metade dos eleitores brasileiros —, Campos pede a simpatizantes que “doem postagens” para o candidato. A campanha nega que a prática represente a institucionalização de robôs virtuais como estratégia de comunicação, já que os perfis são reais, mas admite que um dos objetivos é “viralizar” ao máximo o nome de Campos nas redes.

A estratégia criada pela equipe de redes sociais da campanha do socialista convida internautas simpáticos ao candidato a emprestar seu perfil nas redes sociais para que a equipe de campanha poste mensagens de apoio ao candidato do PSB. E-mail distribuído aos eleitores diz que “a divulgação das ideias e propostas” da chapa é “fundamental para o sucesso da nossa campanha à Presidência”. Assim, os interessados podem entrar na página da coligação, clicar na opção “Twitter” e escolher quantas vezes por semana seu perfil poderá ser usado pela equipe de Campos na divulgação automática de conteúdos da campanha.
O sistema funciona como de aplicativos de jogos, que pedem a autorização aos usuários para postar nas redes sociais. Até o momento, 316 pessoas aderiram a campanha de doação de postagem lançada na última sexta-feira. Neste período, foram postados 1.276 tuítes — cerca de quatro por perfil — que tiveram o potencial de atingir cerca de um milhão de pessoas. O alto potencial de visualização não significa que as mensagens foram vistas por um milhão de pessoas. O potencial é calculado pelo multiplicação do número de mensagens, pelo número de usuários com o número de amigos de cada um. Por exemplo, se uma pessoa que tem 500 amigos autorizou a postagem de 10 mensagens, ela tem o potencial de impacto em 5 mil perfis na rede.
Quem aceita participar da “doação de tuítes” literalmente dá uma carta branca à campanha de Campos. Isso porque a autorização de uso do aplicativo não explicita nenhum termo de aprovação de uso da conta. Ou seja, o candidato pode publicar o que quiser e por quanto tempo quiser na conta do eleitor. A única restrição imposta é o número semanal de mensagens (1, 5 ou 10).
— Não ter nada ali não significa que vamos utilizar a conta do colaborador indiscriminavelmente. Já utilizamos o método em 2010 sem nenhum tipo de reclamação. A publicação terá com base nos conteúdos publicados nos perfis oficiais da campanha e será feita durante o período eleitoral — afirmou um dos coordenadores da campanha, que pediu para não ser identificado.
É a segunda tentativa da campanha de conseguir apoio popular espontâneo e sistemático à campanha. Na segunda-feira, Campos e sua candidata à vice-presidência, Marina Silva, passaram por uma saia justa durante a inauguração do primeiro comitê popular da campanha — batizado de “Casa de Eduardo e Marina” —, em São Paulo. Após a saída dos candidatos, o dono da residência afirmou que esperava receber um pagamento financeiro pelo apoio a dupla.
Tanto o comitê popular quanto a doação de postagens são estratégias eleitorais herdadas da campanha de Marina à Presidência em 2010. A ideia é suprir a falta de recursos e militância partidária com adesão voluntaria de simpatizantes.
Segundo a coordenação de campanha do PSB, a estratégia virtual tem três objetivos distintos: aumentar a visibilidade de Campos e aumentar o peso digital do candidato em assuntos relacionados ao jogo eleitoral, conseguir propagadores virtuais da campanha e, por último, conseguir novos eleitores. Até o momento, só é possível cadastrar perfis do Twitter como DOADORES da campanha. Até o início da próxima semana, a campanha espera repetir o modo de propagação de informação pelo Facebook e Youtube também.
A campanha admite que não é nenhuma restrição sobre o que será postado na conta dos outros. Segundo a coordenação, todas as mensagens que aparecem nos perfis oficiais poderão ser replicadas pela campanha, inclusive ataques. Até o momento, foram seis mensagens criadas (@apoio40). Todos com vídeos de apoio e convite para assistir aparições públicas de Campos e Marina. A não restrição de postagens preocupa quem aderiu a programa de doação de tuítes.
— É lógico que preocupa. Afinal, dei uma carta branca a campanha postar em meu nome. Ainda estou avaliando o que vai acontecer. Até o momento, não houve nada ali que tenha me incomodado — avalia a servidora pública Maria Clara Spinelli, que chegou ao site depois de receber um convite virtual da candidata à vice Marina Silva.
Compartilhar Google Plus

Autor Everaldo Paixão

    Blogger Comentario
    Facebook Comentario

0 comentários:

Postar um comentário

Padrão

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial