O Fantástico deste domingo (28) exibe entrevista
exclusiva com o Papa Francisco,
a primeira a um jornalista desde sua eleição. Na sua visita ao Brasil, o sumo
pontífice encontrou tempo na agenda para receber o repórter Gerson Camarotti,
da GloboNews, para uma conversa franca.
Na entrevista, o papa abordou assuntos difíceis,
como os escândalos no Vaticanoe
os desafios da Igreja Católica para atrair fiéis. Comentou também a acolhida
que teve no Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude, e deu lições de
humildade, solidariedade e humanidade.
Francisco também explicou a atitude que toma em
relação a sua segurança.
“Eu não sinto medo. Sei que ninguém morre de
véspera. Quando acontecer, o que Deus permitir, será. Eu não poderia vir ver
este povo, que tem um coração tão grande, detrás de uma caixa de vidro.
As duas seguranças (do Vaticano e do Brasil) trabalharam muito bem. Mas ambas
sabem que sou um indisciplinado nesse aspecto.”
Leia, a seguir, trechos da entrevista concedida
pelo Papa a Gerson Camarotti.
Rivalidade entre Brasil e Argentina
“O povo brasileiro tem um grande coração. Quanto à
rivalidade, creio que já está totalmente superada. Porque negociamos bem: o
Papa é argentino e Deus é brasileiro.”
Pobreza x
ostentação
“Penso que temos que dar testemunho de uma certa
simplicidade - eu diria, inclusive, de pobreza. O povo sente seu coração
magoado quando nós, as pessoas consagradas, são apegadas a dinheiro.”
Perda de fiéis
“Não saberia explicar esse fenômeno. Vou levantar
uma hipótese. Pra mim é fundamental a proximidade da Igreja. Porque a Igreja é
mãe, e nem você nem eu conhecemos uma mãe por correspondência. A mãe... dá
carinho, toca, beija, ama. Quando a Igreja, ocupada com mil coisas, se descuida
dessa proximidade, se descuida disso e só se comunica com documentos, é como
uma mãe que se comunica com seu filho por carta. Não sei se foi isso o que
aconteceu no Brasil. Não sei, mas sei que em alguns lugares da Argentina que
conheço isso aconteceu.”
Escândalos no
Vaticano
“Agora mesmo, temos um escândalo de transferência
de 10 ou 20 milhões de dólares de monsenhor. Belo favor faz esse senhor à
Igreja, não é? Mas é preciso reconhecer que ele agiu mal, e a Igreja tem que
dar a ele a punição que merece, pois agiu mal. No momento do conclave, antes
temos o que chamamos congregações gerais - uma semana de reuniões dos cardeais.
Naquela ocasião, falamos claramente dos problemas. Falamos de tudo. Porque
estávamos sozinhos, e para saber qual era a realidade e traçar o perfil do novo
Papa. E dali saíram problemas sérios, derivados em parte de tudo o que vocês
conhecem: do Vatileaks e assim por diante. Havia problemas de escândalos. Mas
também havia os santos. Esses homens que deram sua vida para trabalhar pela
Igreja de maneira silenciosa no Conselho Apostólico.”
Os jovens
“Com toda a franqueza lhe digo: não sei bem por que os jovens estão protestando. Esse é o primeiro ponto. Segundo ponto: um jovem que não protesta não me agrada. Porque o jovem tem a ilusão da utopia, e a utopia não é sempre ruim. A utopia é respirar e olhar adiante. O jovem é mais espontâneo, não tem tanta experiência de vida, é verdade. Mas às vezes a experiência nos freia. E ele tem mais energia para defender suas ideias. O jovem é essencialmente um inconformista. E isso é muito lindo! É preciso ouvir os jovens, dar-lhes lugares para se expressar, e cuidar para que não sejam manipulados.”
“Com toda a franqueza lhe digo: não sei bem por que os jovens estão protestando. Esse é o primeiro ponto. Segundo ponto: um jovem que não protesta não me agrada. Porque o jovem tem a ilusão da utopia, e a utopia não é sempre ruim. A utopia é respirar e olhar adiante. O jovem é mais espontâneo, não tem tanta experiência de vida, é verdade. Mas às vezes a experiência nos freia. E ele tem mais energia para defender suas ideias. O jovem é essencialmente um inconformista. E isso é muito lindo! É preciso ouvir os jovens, dar-lhes lugares para se expressar, e cuidar para que não sejam manipulados.”
Fantástico
Edição do dia 28/07/2013
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