Ação da PF, deflagrada na sexta-feira, tem por alvo quadrilha que atuava em
sete órgãos federais para obter pareceres técnicos favoráveis a interesses
privados
Líder da bancada na Câmara dos Deputados, Rubens
Bueno (PR) (Luiz Alves/Agência Câmara)
Lideranças dos partidos de oposição pretendem levar para o Congresso
Nacional os desdobramentos da Operação
Porto Seguro, que foi deflagrada na sexta-feira pela Polícia
Federal (PF) com o objetivo de desarticular uma quadrilha que atuava em sete
órgãos federais para obter pareceres técnicos favoráveis a interesses privados.
Representantes do PPS, PSDB, DEM e PSOL anunciaram no sábado a intenção de
cobrar, a partir desta segunda-feira, os esclarecimentos das suspeitas, que
alcançam o escritório da Presidência da República em São Paulo e a cúpula da
Advocacia-Geral da União (AGU).
Em nota divulgada ontem, o presidente do PPS, deputado federal Roberto
Freire (SP), e o líder da bancada na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR),
informaram que vão apresentar requerimento de convocação de Rosemary
Nóvoa de Noronha, chefe de gabinete da Presidência da República na
capital paulista, e José Weber Holanda Alves, adjunto do advogado-geral da
União, ministro Luís Inácio Adams, para comparecer à Comissão de Fiscalização
Financeira e Controle da Câmara. Ambos foram indiciados
na operação da PF e o Planalto decidiu que eles serão exonerados.
"A Polícia Federal já está realizando o seu trabalho, mas o Congresso
Nacional, que tem a função de fiscalizar os atos do governo, deve acompanhar de
perto mais esse caso de corrupção no seio do governo do PT. Vamos convidar os
acusados para se explicarem na Câmara", adiantou Freire, em nota.
Sabatinas - O senador do PSOL Randolfe Rodrigues (AP)
classificou o caso como "gravíssimo". "Devemos apresentar um
requerimento solicitando mais informações aos órgãos envolvidos na operação na
segunda-feira, possivelmente na Comissão de Infraestrutura", disse.
O parlamentar criticou ainda a forma protocolar com que são feitas as
sabatinas no Senado. Dois presos na operação, os irmãos Rubens Carlos Vieira e
Paulo Rodrigues Vieira, tiveram seus nomes aprovados pelo Senado para ocuparem
os cargos, respectivamente, de diretores da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac) e da Agência Nacional de Águas (ANA). Paulo Vieira é acusado pela
Polícia Federal de ser o chefe do esquema.
"A Constituição fala em arguir e sabatinar e, da forma como é feita
hoje, é meramente pró-forma", afirmou. "O absurdo é que, quando há um
questionamento mais apurado, como no caso do ministro Teori Zavascki (indicado
pela presidente Dilma Rousseff para o Supremo Tribunal Federal), há um reclame
generalizado, como se o questionamento apurado não viesse ser a regra",
completou o senador.
Em espera - O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR),
disse que é preciso aguardar os desdobramentos da operação policial para decidir
qual providência será adotada pelo partido. O tucano afirmou que as
possibilidades aventadas são convocar envolvidos e autoridades, como o
presidente da Anac, Marcelo Guaranys, e pedir acesso ao inquérito.
Segundo Alvaro Dias, mesmo sendo sigiloso, o acesso aos autos poderia ser
franqueado pela Justiça, pois a investigação envolve pessoas que foram
sabatinadas pelo Senado. "É reincidência porque já tivemos vários
episódios de tráfico de influência nos últimos anos. É uma prática reiterada
nos governos do PT", criticou. "Isso tudo nos leva ao sistema
vigente, que gerou o mensalão, que é o balcão de negócios para governar. A
qualidade da gestão é precária e sobretudo no campo da ética é uma
tragédia", completou.
Um dos vice-líderes do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), fez coro a Alvaro
Dias, ao alegar que é preciso ter noção do grau do envolvimento dos suspeitos
para, aí sim, decidir qual iniciativa tomar. Caiado disse que é necessário
verificar quem são os superiores hierárquicos de cada um dos envolvidos para
saber, regimentalmente, quem pode ser convocado: o envolvido ou o superior.
(com Estadão Conteúdo)
Corrupção
Diálogo mostra entrega de pagamento a chefe de gabinete da Presidência de
SP
Troca de mensagens e conversas telefônicas
levantadas pela PF e divulgadas pelo Jornal Nacional revelam como Rosemary de
Noronha recebia dinheiro de outros integrantes do esquema
Rosemary
Nóvoa, a ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo.
Nomeada por Lula, foi indiciada na sexta-feira pela Polícia Federal (Denise
Andrade/AE)
Diálogos
e trocas de mensagens interceptadas pela Polícia Federal e divulgados pelo
Jornal Nacional, da Rede Globo, mostram pagamentos feitos por Paulo Rodrigues
Vieira, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), para Rosemary Nóvoa de
Noronha, que era chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo.
Ambos são suspeitos de integrar uma quadrilha que se infiltrou em órgãos da
administração pública federal para negociar a elaboração de pareceres técnicos
fraudulentos em benefício de empresários. "Rose", como é chamada,
havia sido nomeada para a chefia de gabinete por Lula,
em 2005.
Numa
troca de e-mails, entre Paulo Rodrigues Vieira e seu irmão Marcelo Vieira, que
segundo a PF tinha uma função operacional no grupo, o valor a ser entregue a
Rosemary é discutido. "Tem que dar para Rose [Rosemary] 12.500 reais:
7.500 da cirurgia e 5.000 para fazer o armário. Eu só tenho aqui metade do
dinheiro”, escreveu Marcelo Vieira.
Ainda
segundo o Jornal Nacional, a PF indicou que a troca de mensagens ocorreu no dia
29 de março deste ano. Três dias depois, uma conversa entre Marcelo Vieira e
Rosemary foi interceptada.
Marcelo
Vieira: "Posso dar uma passadinha aí, daqui a uma meia hora?"
Rosemary:
"Pode. Vou dar uma saída daqui a pouco que eu vou fazer curativo. Mas a
empregada tá aqui. Você pode... Se você trouxer algum pacote, pode deixar com
ela." O pacote, de acordo com a PF, seria o dinheiro.
Rosemary foi exonerada neste sábado pela presidente Dilma Rousseff,
que determinou ainda o afastamento de outros servidores indiciados na
Operação Porto Seguro da Polícia Federal. Os investigados na operação
responderão pelos crimes de formação de quadrilha, tráfico de influência,
violação de sigilo funcional, falsidade ideológica, falsificação de documento
particular, corrupção ativa e passiva.
Governo
Dilma determina varredura em órgãos investigados por operação da Polícia
Federal
A presidente cobrou informações sobre a amplitude da investigação, a
biografia e quis saber quem eram os "padrinhos" políticos dos
acusados
Laryssa Borges e Silvio Navarro
A presidente Dilma Rousseff teria se irritado com a
forma como Rosemary reagiu à chegada dos policiais ao gabinete da Presidência
na capital ( Fernando Bizerra Jr./EFE)
Irritada com os desdobramentos da operação Porto Seguro da Polícia Federal,
a presidente Dilma Rousseff determinou que a Advocacia-Geral da União (AGU) e
todos os órgãos atingidos pela investigação façam uma varredura para rastrear
irregularidades cometidas pelos servidores envolvidos no caso. A decisão foi
tomada neste sábado, após reuniões da presidente com ministros, assessores e
troca de telefonemas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos
diálogos, segundo fontes do Palácio do Planalto e do PT, Dilma cobrou
informações sobre a amplitude da investigação, a biografia e quis saber quem
eram os "padrinhos" políticos dos acusados.
A presidente consultou Lula antes de oficializar
a demissão de Rosemary Nóvoa de Noronha, chefe de gabinete
do escritório da Presidência da República em São Paulo, que tem forte
ligação com o ex-presidente e com o ex-ministro José Dirceu, de
quem foi assessora por mais de uma década. A princípio, Lula, que foi informado
de que a operação policial chegara até Rosemary na sexta-feira, resistiu à
idéia de demiti-la, mas acabou concordando neste sábado quando soube do teor
das conversas de sua ex-secretária interceptadas pela Polícia Federal.
Um dos interlocutores de Lula com os envolvidos na operação e com a própria
Rosemary é o ex-presidente do Sebrae e seu amigo pessoal Paulo Okamotto. Em um
primeiro momento, integrantes do PT articularam para que a funcionária se
afastasse do cargo e evitasse o desgaste de ter de ser demitida. O temor no
Planalto é que ela possa implicar, direta ou indiretamente, nos diálogos
captados pela polícia o ex-presidente por meio de pedidos de favores, propinas
ou com recados para nomeações feitas a pedido de Lula. O caso corre em segredo
de justiça.
Nos bastidores, o governo trabalha para espalhar o discurso de que o foco da
operação são fraudes em pareceres técnicos das agências, e que ilícitos
cometidos pela chefe de gabinete da Presidência não têm relação com as
atribuições do cargo que ela exercia. A intenção é isolar a atuação e o
eventual tráfico de influência praticado por Rosemary das prerrogativas
oficiais que seu cargo lhe permitia. E, principalmente, tentar afastar o nome
do ex-presidente do caso.
Reação irritou Dilma — Segundo fontes do Planalto, a forma
como Rosemary reagiu à chegada dos policiais ao gabinete da Presidência na
capital paulista irritou Dilma. Os relatos que chegaram à presidente foram que
Rose causou tumulto e tentou impedir que seu computador fosse apreendido. Ao
final, foram copiados os arquivos salvos na máquina. Dilma nunca foi próxima de
Rosemary e, ao contrário de Lula, despachou em São Paulo pouquíssimas vezes. No
Planalto, são poucos os que lidam com a funcionária, apontada como de
temperamento difícil. No governo Dilma, o escritório paulistano da presidência
só é usado quando há necessidade de reuniões pontuais e em escalas de viagens e
agendas. Nos últimos meses, serviu para encontros e almoços com o ex-presidente
Lula para tratar das eleições municipais.
Apesar da determinação de serem afastados todos os envolvidos na operação
Porto Seguro, em deferência ao ex-presidente Lula, a demissão de Rosemary será
publicada no Diário Oficial como se tivesse sido a pedido. Os funcionários de
carreira apontados pela Polícia Federal como integrantes da quadrilha serão, em
um primeiro momento, alvo de procedimentos administrativos e investigações
internas.
Longa
data
É
importante que se releia agora uma informação publicada aqui no dia 13 de março
de 2010, sob o título de O afilhado da afilhada. A nota dá a exata
dimensão de quem é o responsável pelas estripulias de Rubens Vieira na Anac – Lula.
Eis a
nota:
“Um dos
três indicados para ocupar diretorias na Anac tem padrinho forte. Para ser mais
exato, mais forte impossível. Sim, ele mesmo: Lula. O presidente quer que
Rubens Vieira decole para a cúpula da Anac, na qual hoje ele ocupa o cargo de
corregedor. E de onde vem a força de Vieira? Ele é afilhado de Rosemary
Noronha, chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo e amiga
de Lula. Não era o nome preferido de Nelson Jobim, mas isso são outros quinhentos.”
Dois anos
e muitas armações depois, deu no que deu.
Dilma reúne ministros para
discutir Operação Porto Seguro
Presidente conversou sobre projetos do governo alvo
de investigação.
Gilberto Carvalho, Ideli Salvatti e Gelisi Hoffmann participaram da reunião.
Gilberto Carvalho, Ideli Salvatti e Gelisi Hoffmann participaram da reunião.
Priscilla
MendesDo G1, em
Brasília
A
presidente Dilma Rousseff se reuniu em seu gabinete nesta segunda-feira (26)
com os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Ideli Salvatti (Relações
Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) para discutir os projetos do
governo atingidos pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal.
A
Operação Porto Seguro investiga a existência de um esquema de corrupção para
favorecer grupos empresariais em diversas áreas.
Deflagrada
nesta sexta-feira (23), resultou no indiciamento de 18 suspeitos de participar
de um esquema de fraude em pareceres técnicos.
Os três
ministros, que trabalham ao lado da presidente, no Palácio do Planalto,
conversaram com Dilma sobre os projetos do governo que foram alvo da
investigação, de acordo com fonte do Planalto. Neste sábado (24), a presidente
Dilma determinou a exoneração ou afastamento de todos os servidores envolvidos.
As
exonerações e os afastamentos foram publicados na edição desta segunda-feira do
“Diário Oficial da União”. A pedido da ministra Gleisi Hoffmann, a chefe do
gabinete regional da presidente da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de
Noronha, foi exonerada. A ministra também pediu a exoneração do José Weber
Holanda Alvez do cargo de adjunto do Advogado-Geral da União.
24/11/2012
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