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OS RÉUS DO MENSALÃO



JOSÉ DIRCEU

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Ministro-chefe da Casa Civil

O QUE FAZ HOJE

Atua como consultor de empresas – e utiliza sua influência em Brasília para garimpar informações sobre a administração federal, matéria-prima de sua bem-sucedida carreira no mundo dos negócios.

ACUSAÇÃO

De acordo com a denúncia, Dirceu foi o mentor do esquema de compra de votos e, utilizando-se de sua posição no governo e da liderança que exercia sobre o núcleo político, foi quem determinou as ações necessárias para o sucesso das operações. Em resumo, o chefe da quadrilha, segundo a Procuradoria-Geral da República.

CRIMES

Corrupção ativa e formação de quadrilha

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Em seu depoimento, Marcos Valério contou que, segundo Delúbio Soares, o então ministro José Dirceu e o então secretário do PT Silvio Pereira tinham conhecimento e davam garantia aos empréstimos que seriam forjados entre as empresas do publicitário e o partido. Em seu depoimento, Roberto Jefferson disse que todos os acordos entre os partidos tinham que ser ratificados pela Casa Civil de José Dirceu, "presidente de fato " do PT. Para a Procuradoria-Geral da República, uma das mais relevantes evidências do envolvimento de Dirceu é uma reunião realizada na Casa Civil entre Dirceu, Marcos Valério, Delúbio

Soares e o presidente do Banco Espírito Santo no Brasil, Ricardo Espírito Santo. Antes desse encontro, Marcos Valério, Rogério Tolentino e Emerson Palmieri – também integrantes de quadrilha – haviam feito uma viagem a Portugal para se reunir com o presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta. O objetivo da comitiva era conseguir recursos para cobrir dívidas do PT e do PTB. Durante as conversas, foi levantada a possibilidade - não concretizada - de a Portugal Telecom fazer uma doação de 8 milhões de euros. José Dirceu acompanhou as negociações do grupo Portugal Telecom, com a intervenção do Banco do Espírito do Santo, para a aquisição da Telemig. Outro fator que denuncia a relação entre Dirceu e Marcos Valério são os favores concedidos pelo publicitário ao ex-ministro. Valendo-se de sua influência junto aos bancos Rural e BMG, Valério atendeu a interesses da ex-mulher de Dirceu, Maria Ângela Saragoza, que queria vender seu imóvel, obter um empréstimo e arrumar um emprego.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa de Dirceu alega que não há qualquer prova de seu envolvimento no esquema. Aliás, segundo os advogados de Dirceu, nem sequer foram encontradas evidências que comprovassem o mensalão: "os deputados supostamente corrompidos já apoiavam o governo". Diz também que: o ex-ministro não se envolveu com as questões financeiras das alianças partidárias; que a versão de Roberto Jefferson está isolada no conjunto das provas; que Dirceu não tinha ingerência nas nomeações; que não intercedeu em favor de sua ex-mulher; que é comum que um ministro receba 'representantes de instituições financeiras ou empresas'; que não tem vínculo com Marcos Valério, nem responsabilidade pela reunião realizada em Portugal.



DELÚBIO SOARES

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Tesoureiro do PT

O QUE FAZ HOJE

Possui um site de compra e venda de imóveis sediados em Goiânia. Foi expulso do PT em 2005 - e readmitido em 2011

ACUSAÇÃO

Era o principal elo entre o núcleo político e Marcos Valério. Agindo sob as ordens de Dirceu, Delúbio indicava os valores e os nomes dos parlamentares que seriam favorecidos pelo esquema. Ao lado de Genoino, então presidente do PT, avalizava empréstimos simulados pelo núcleo de Marcos Valério ou pelo próprio PT junto ao Banco Rural e BMG. Com o esquema em funcionamento, passou também a tratar diretamente com parlamentares e empresários interessados em favores do governo. Por fim, tornou-se ele próprio beneficiário dos desvios, recebendo, por meio de laranjas, R$ 550.000.

CRIMES

Formação de quadrilha e corrupção ativa

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Em depoimento à polícia, o operador do esquema, Marcos Valério, aponta Delúbio como seu principal interlocutor em Brasília, além de amigo pessoal. Segundo a procuradoria, eram constantes os encontros entre Valério e Delúbio no Diretório do PT em Brasília, e também no hall do hotel Blue Tree, na capital federal. Marcos Valério passou a hospedar-se no hotel justamente para facilitar os contatos com petistas.

Além disso, Valério confirmou que intermediou reuniões entre Carlos Rodenburg, acionista do Banco Opportunity, e Delúbio Soares. Na ocasião, Rodenburg teria solicitado ajuda para solucionar problemas com o governo federal. O caso indica, segundo a promotoria, que Delúbio não atuava apenas como representante do PT, como também se relacionava com empresários na qualidade de integrante do governo federal, com legitimidade para discutir a questão do relacionamento com grupos econômicos.

A Procuradoria-Geral da República também aponta os intermediários e as datas das retiradas feitas em benefício de Delúbio. Foram sacados 550 000 reais em cinco parcelas, entre novembro de 2003 e março de 2004, de agências do Banco Rural em São Paulo e Brasília.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa do petista nega sua participação no esquema criminoso e classifica o réu como uma pessoa pobre que vive com simplicidade. Delúbio nega, até mesmo, a existência do mensalão. "É que no momento em que foi formada uma aliança partidária entre o PT e outras agremiações, decidiu o Diretório Nacional que os custos de campanha seriam partilhados, de forma a garantir a manutenção e possível expansão das votações dos aliados. Isso jamais foi condicionado à prática de atos de ofício de parlamentares, como emissão de pareceres ou votos", afirmam os advogados do petista nas alegações finais do processo.

Quanto aos 550 000 reais, a defesa diz que não há uma única prova que sustente a acusação, que o benefício é "fantasioso" e que o argumento não constou da denúncia original.



JOSÉ GENOINO

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Deputado federal e presidente do PT

O QUE FAZ HOJE

É assessor especial do Ministério da Defesa.

ACUSAÇÃO

Participava de reuniões com dirigentes dos partidos da base aliada, mas, segundo depoimento de Roberto Jefferson, não tinha autonomia para 'bater o martelo': tudo tinha de ser chancelado pela Casa Civil de José Dirceu. Como presidente do partido, também se sujeitou, ao lado de Delúbio Soares, a avalizar formalmente empréstimos simulados pelo núcleo de Marcos Valério ou pelo próprio PT junto ao Banco Rural e BMG.

CRIMES

Formação de quadrilha e corrupção ativa

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Os depoimentos anexados à denúncia indicam que os contatos com os partidos eram feitos por Genoino, embora, como afirmou Roberto Jefferson à polícia, coubesse ao então ministro José Dirceu ratificá-los.

A principal evidência de envolvimento de Genoino com a quadrilha, aponta a promotoria, foram os empréstimos efetuados pelo PT, em 2003, junto ao Banco Rural e ao BMG, no valor de 2,4 milhões de reais. Genoino aparece formalmente como avalista na simulação de empréstimos – apesar de possuir um patrimônio ínfimo diante

da quantia negociada.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

De acordo com a defesa do ex-deputado, os empréstimos foram, na verdade, tomados pelo então tesoureiro do partido, Delúbio Soares, "para fazer frente ao verdadeiro caos financeiro vivenciado pelos diretórios regionais do PT", e a Genoino coube apenas assiná-los porque o cargo de presidente da legenda assim o exigia. Ainda segundo os advogados, todos os empréstimos foram registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a legenda procurou quitá-los. A defesa de Genoino ainda classifica o delator do mensalão, Roberto Jefferson, como um "verdadeiro bufão" e "pai da mentira". "O bolero de péssimo gosto cantado por Roberto Jefferson não ecoa em qualquer elemento probatório", assinalam os advogados nas alegações finais do processo.

Em março de 2012, o PT encaminhou um documento do Supremo Tribunal Federal (STF) em que afirma que pagou o empréstimo contraído junto ao Banco Rural. O texto foi anexado pela defesa aos autos do processo para corroborar a alegação de que não houve irregularidade nos empréstimos.



MARCOS VALÉRIO

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Empresário

O QUE FAZ HOJE

Empresário

ACUSAÇÃO

Era o principal operador do mensalão - "um verdadeiro profissional do crime", conforme a denúncia. Liderava a estrutura empresarial montada para obter os recursos que seriam investidos na corrupção de parlamentares. Por meio da SMP&B, DNA e Graffiti, fazia pagamentos periódicos a quem Delúbio Soares indicasse e ainda avalizava contratos fraudulentos para abastecer o caixa do PT.

CRIMES

Formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Valério mantinha encontros frequentes com todos os envolvidos no esquema – fossem os integrantes da quadrilha ou os parlamentares beneficiados com o dinheiro repassado pelo grupo – nos gabinetes desses políticos, na sede nacional do PT, em halls e quartos de hotéis e outros locais. Segundo a denúncia, a agenda de Valério, que ficava com sua então secretária Fernanda Karina, registra as viagens e reuniões do empresário e seus sócios Ramon Hollerbach, Cristiano Paz e Rogério Tolentino com as pessoas envolvidas no esquema. Outra importante evidência apontada pela Procuradoria é um acordo firmado entre o

núcleo político da quadrilha e o PTB, um dos partidos beneficiados pelo dinheiro da corrupção. Segundo afirmou Roberto Jefferson em depoimento, parte dos 20 milhões de reais que deveriam ser transferidos pelo PT ao PTB seria obtida em transação referente à aquisição da empresa Telemig pela Portugal Telecom, operação acompanhada diretamente por José Dirceu. Em viagem realizada a Portugal para as tratativas desse negócio, Marcos Valério apresentou-se como "Marcos Valério do PT do Brasil", ou seja, um facilitador das pretensões de empresários perante o governo federal. Pouco depois, reuniu-se com o presidente da Portugal Telecom e informou ao interlocutor do PTB na viagem, Emerson Palmieri, que se lograsse êxito na manutenção da conta de publicidade conseguiria equacionar o problema da dívida do PT e do PTB. Marcos Valério também confirmou que intermediou reuniões entre Carlos Rodenburg, acionista do Banco Opportunity, que lhe solicitou ajuda para solução de problemas que estava enfrentando no relacionamento com o governo, fato confirmado por Delúbio Soares. Além disso, ainda conforme Delúbio, Valério intermediou visita do ex-tesoureiro do PT e José Genoino à empresa Usiminas.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa de Valério afirma que a Procuradoria não conseguiu comprovar o vínculo criminoso entre o réu e os demais acusados de formação de quadrilha e que a denúncia se baseia apenas nas relações societárias e profissionais entre os réus. Sustenta ainda que o resultado das votações no Congresso é incompatível com a acusação de compra de votos dos parlamentares. Os advogados alegam também que Marcos Valério não sabia qual seria a destinação dos recursos emprestados ao PT – e acreditava que o dinheiro era destinado a quitar dívidas de campanhas eleitorais do partido.



CRISTIANO PAZ

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Empresário

O QUE FAZ HOJE

Empresário

ACUSAÇÃO

Sócio de Marcos Valério nas empresas SMP&B, Graffiti e DNA, ajudou a montar a estrutura que servia para mascarar o pagamento a deputados. Agiu sobretudo na obtenção de empréstimos fraudulentos que alimentavam o esquema.

CRIMES

Formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, peculato e evasão de divisas.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

A denúncia aponta como evidências a assinatura de Paz em livros contábeis repletos de fraudes, além do endosso de cheques sob a rubrica de "empréstimos ao PT". O réu ainda subscreveu, ao lado de Ramon Hollerbach e Marcos Valério, contratos simulados com o BMG e o Rural. A Procuradoria apresenta ainda o depoimento de um laranja contratado para efetuar saques das contas da SMP&B e entregar o dinheiro a Cristiano Paz, Geiza Dias e Simone Vasconcelos. Paz ainda tentou destruir documentos que serviriam como provas dos crimes.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa de Paz argumenta que não há qualquer dado no processo que o comprometa – e garante que a única ligação existente é o fato de ser sócio das empresas SMP&B e Graffiti. Afirma ainda que o réu não exercia qualquer atividade relacionada aos setores administrativo e financeiro da agência. Paz alega que só concordou com os empréstimos obtidos junto aos bancos BMG e Rural porque "pretendia ganhar a conta publicitária do Partido dos Trabalhadores, cujo crescimento político era evidente, interessando a todas as agências de publicidade do Brasil".



RAMON HOLLERBACH

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Empresário

O QUE FAZ HOJE

Empresário

ACUSAÇÃO

Sócio de Valério e Cristiano Paz nas empresas SMP&B, Graffiti e da DNA, integrou a estrutura que mascarava o destino dos recursos que serviam para pagar os parlamentares corruptos. Também ordenou a doleiros os pagamentos ao marqueteiro Duda Mendonça no exterior.

CRIMES

Formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, peculato e evasão de divisas.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Entre as evidências da participação de Hollerbach na quadrilha, a Procuradoria destaca sua assinatura nos livros contábeis, repletos de fraudes; contato com o doleiro Jader Kalid Antônio para transferir recursos para a conta de Duda Mendonça no exterior; o endosso de cheques sob a rubrica de "empréstimos ao PT"; e os contratos simulados com BMG e Banco Rural que subscreveu ao lado de Cristiano Paz e Marcos Valério.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa de Hollerbach argumenta que não há provas da participação do réu no esquema criminoso e que sua única relação com os fatos se dá na condição de sócio da SMP&B.



ROGÉRIO TOLENTINO

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Advogado

O QUE FAZ HOJE

Advogado

ACUSAÇÃO

Era um dos principais elos entre o núcleo operacional da quadrilha e o Banco Rural. Braço-direito de Valério, utilizava-se de seus contratos com empresas privadas para operacionalizar o esquema de repasse de dinheiro não contabilizado a candidatos.

CRIMES

Formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

A Procuradoria cita na denúncia a participação da Rogério Lanza Tolentino & Associados Ltda na lavagem de recursos desviados do Banco do Brasil em favor do esquema de corrupção. E também a ação combinada de Valério, Tolentino, Hollerbach e Paz, após a eclosão do escândalo, para destruir notas fiscais, refazer a contabilidade das empresas e forjar contratos.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Nega qualquer sociedade com Marcos Valério. Segundo a defesa, a relação entre os dois se dava apenas por meio do escritório de advocacia do réu. Alega que, embora tenha tomado empréstimo de 10 milhões de reais junto ao BMG e repassado esse valor, integralmente, a Marcos Valério, não teve qualquer participação na destinação do dinheiro. A defesa afirma ainda que Tolentino não tinha qualquer vínculo societário com as empresas envolvidas nos repasses.



SIMONE VASCONCELOS

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Diretora administrativa e financeira da SMP&B

O QUE FAZ HOJE

Desligou-se da SMP&B, fechada pouco após o estouro do escândalo.

ACUSAÇÃO

Era a operadora externa da quadrilha de Valério. Orientava os parlamentares quanto às datas e locais de pagamento, intermediava pessoalmente os saques e eventualmente até assinava os recibos, impedindo a identificação dos beneficiários. Também foi responsável pela documentação dos empréstimos realizados para lavar o dinheiro. Conforme a denúncia, foi "peça fundamental na engrenagem criminosa".

CRIMES

Formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

A Procuradoria-Geral da República cita uma longa lista de saques realizados pela ex-diretora da SMP&B nas agências do Rural em Brasília, em favor de diversos parlamentares e seus intermediários. Em geral, os repasses eram feitos na própria agência do Rural ou em hotéis, para o que chegou a recorrer ao serviço de um carro-forte. A denúncia conclui que ela "executava materialmente o processo de entrega das propinas".

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa argumenta que Simone ocupava apenas uma posição subalterna na SMP&B e que, portanto, era "mera executora das demandas formuladas e conduzidas pelos sócios da empresa". Afirma ainda que a SMP&B era uma das mais renomadas agências publicitárias do país e a maior de Minas Gerais - e não uma sociedade criminosa, como afirmado pelo Procurador-Geral da República.



GEIZA DIAS

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Gerente Financeira da SMP&B

O QUE FAZ HOJE

Desligou-se da SMP&B, fechada pouco após o estouro do escândalo.

ACUSAÇÃO

Era a operadora interna da quadrilha de Marcos Valério. Cabia a ela repassar ao Banco Rural, por e-mail, os nomes dos beneficiários do esquema, os valores e os números dos cheques. Eventualmente, também determinava saques em dinheiro, recebia os beneficiários do esquema na sede da empresa e organizava repasses.

CRIMES

Formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Como responsável pela área financeira da SMP&B, Geiza repassava para o Banco Rural as informações dos destinatários reais dos valores a serem sacados, através de e-mails. Além disso, recebia alguns beneficiários na sede da agência e organizava pessoalmente os repasses de valores em algumas situações, como no caso de parte dos pagamentos feitos aos publicitários Duda Mendonça e Zilmar Fernandes.

Com o objetivo de não deixar rastro da sua participação, os beneficiários indicavam laranjas para efetuar os saques, que apresentavam aos

caixas do Rural seu nome e qualificação para o recebimento dos valores em espécie. Segundo depoimento de um funcionário do Banco Rural em Brasília, responsável pela entrega da maioria dos recursos disponibilizados na capital federal, a frequência de pagamentos era bastante alta. Quando perguntado sobre os beneficiários desses recursos, esclareceu o seguinte: "Em geral, eram pessoas simples, que não trajavam ternos e que se dirigiam ao depoente dizendo o seguinte: 'Vim pegar uma encomenda'."

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa de Geiza afirma que a ré era apenas uma funcionária da SMP&B e que recebia ordens diretas de Simone Vasconcelos ou dos sócios da empresa. Segundo seus advogados, Geiza não tinha conhecimento do acordo entre a diretoria da SMP&B com dirigentes do PT. A defesa argumenta que a ré simplesmente cumpria suas funções de "operacionalizar saques, preencher cheques e fazer reservas bancárias para saques em espécie" e que mesmo essas tarefas não eram de sua responsabilidade exclusiva.



ROBERTO JEFFERSON

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Presidente do PTB e deputado federal por São Paulo

O QUE FAZ HOJE

Foi cassado e afastou-se da presidência do PTB em 2005. Aposentado pela Câmara, recebe 8.800 reais mensais. Em 2011 voltou a presidir o PTB.

ACUSAÇÃO

Recebeu propina para manter o PTB, que presidia, na base de apoio ao governo.

CRIMES

Corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Foi o próprio Jefferson quem revelou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo no dia 6 de junho de 2005, o esquema de compra de votos no Congresso, chefiado por José Dirceu, à época ministro da Casa Civil, e operado pelo até então desconhecido Marcos Valério. Jefferson deu diversos detalhes do esquema. Apontou os papéis de Delúbio Soares, José Genoino e Silvio Pereira na trama, narrou os acertos feitos na sede do PT, indicou nomes de outros parlamentares que integraram o esquema, detalhou o loteamento político de cargos na administração pública e informou que ele mesmo havia recebido R$ 4 milhões do valerioduto. Para a Procuradoria, "todas as imputações feitas pelo ex-deputado ficaram comprovadas".

Jefferson e o tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri, receberam os R$ 4 milhões pessoalmente de Valério. A entrega é detalhada pela Procuradoria: envolto em fitas do Banco Rural e do Banco do Brasil, o dinheiro foi levado diretamente por Valério à sede do PTB em Brasília, em junho de 2004, em duas parcelas, uma de R$ 1,8 milhão, outra de R$ 2,2 milhões. Conforme o petebista, tratava-se de parte dos R$ 20 milhões que o PT havia prometido ao partido em troca de apoio político. Coube a Palmieri acompanhar a negociação do restante, em Portugal, em viagem feita na companhia de Valério e Rogério Tolentino. O arrecadador informal do PTB havia sido indicado por Jefferson para tratar dos interesses do partido em uma reunião com executivos da Portugal Telecom. Da negociata, frustrada, sairia o resto dos R$ 20 milhões para o PTB, além de recursos para o próprio PT.

Segundo a Procuradoria, o petebista também foi beneficiado por 545 mil reais sacados em espécie do Banco Rural por dois intermediários.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Sete anos após o escândalo, a defesa de Jefferson confirma o recebimento dos R$ 4 milhões, mas diz que não há nada de irregular nisso: o montante havia sido acordado com o PT em função das eleições municipais de 2004, não em troca de apoio parlamentar. Argumenta que não foi demonstrado que Jefferson tivesse ciência da origem ilícita do dinheiro ou dos crimes antecedentes narrados pela Procuradoria.



ROMEU QUEIROZ

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Deputado federal (PTB-MG)

O QUE FAZ HOJE

Livrou-se da cassação, ainda em 2005, mas não conseguiu se reeleger em 2006. Tentou a Assembleia estadual de Minas Gerais em 2010 e acabou entrando de suplente, pelo PSB

ACUSAÇÃO

Ajudou a intermediar propina em favor do PTB, recebeu parte dela em proveito próprio e ocultou a origem do dinheiro

CRIMES

corrupção passiva e lavagem de dinheiro

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Foi Queiroz quem indicou o assessor José Hertz, do PTB mineiro, para sacar dinheiro do valerioduto em benefício do partido, à época presidido por José Carlos Martinez. Foi também Queiroz quem iniciou as negociações para restabelecer os pagamentos ao PTB após a morte de Martinez, em outubro de 2003, com ajuda do então ministro dos Transportes, o também mineiro Anderson Adauto. Pelo menos um dos saques do valerioduto, no valor de R$ 102.812,76, foi feito em proveito de Queiroz, em agosto de 2004, por seu assessor Paulo Leite Nunes. Com receio de carregar tanto dinheiro em espécie, Nunes decidiu fazer ali mesmo transferências eletrônicas (TEDs) em favor das contas indicadas por Queiroz. Em seu depoimento, Nunes diz que nem teve de mostrar documento para receber o dinheiro.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Admite ter recebido R$ 102.812,76, mas como doação da empresa Usiminas à campanhas de 2004 "para repasse segundo os interesses partidários". Alega ter agido em nome do partido, não no exercício de seu mandato de deputado, e que o dinheiro foi todo destinado a candidatos do PTB naquelas eleições municipais.



EMERSON PALMIERI

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Tesoureiro informal do PTB e diretor de administração e finanças da Embratur

O QUE FAZ HOJE

Pediu demissão da Embratur em junho de 2005

ACUSAÇÃO

Ajudou a intermediar a propina em favor do PTB e a ocultar sua origem

CRIMES

corrupção passiva e lavagem de dinheiro

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

A entrega de R$ 4 milhões a Palmieri a Jefferson é detalhada na denúncia. Envolto em fitas do Banco Rural e do Banco do Brasil, o dinheiro foi levado diretamente por Marcos Valério à sede do PTB em Brasília, em junho de 2004, em duas parcelas, uma de R$ 1,8 milhão, outra de R$ 2,2 milhões. Conforme os petebistas, tratava-se de parte dos R$ 20 milhões que o PT havia prometido ao partido em troca de apoio político. E coube a Palmieri acompanhar a negociação do restante, em Portugal, em viagem feita na companhia de Marcos Valério e Rogério Tolentino. O arrecadador informal do PTB havia sido indicado por Jefferson para tratar dos interesses do partido em uma reunião com executivos da Portugal Telecom. Da negociata, frustrada, sairia o resto dos R$ 20 milhões para o PTB, além de recursos para o próprio PT.

A Procuradoria também aponta que Palmieri recebeu pessoalmente dinheiro do valerioduto por um intermediário da confiança do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG). Este assessor, do PTB mineiro, conta que foi orientado pelo próprio Palmieri a procurar a SMP&B em Belo Horizonte para buscar a "encomenda". De volta a Brasília, foi recebido no aeroporto e entregou dois pacotes fechados a Palmieri, que em seguida ligou para Jefferson e comentou: "assunto resolvido".

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Alega ser apenas um militante do PTB e que nunca foi tesoureiro do partido. Afirma que o acordo do PTB com o PT foi feito entre os então presidentes dos partidos, José Genoino e Roberto Jefferson, e que os 4 milhões de reais que admite ter guardado em um cofre eram fruto desse negociação. Diz que não tinha conhecimento da origem do dinheiro, que a Procuradoria aponta ilícita.



VALDEMAR COSTA NETO

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Deputado federal (PL-SP) e presidente do partido

O QUE FAZ HOJE

Renunciou ao mandato em 2005 para escapar da cassação, foi reeleito deputado federal no ano seguinte e novamente em 2010. Está em seu sexto mandato na Câmara.

ACUSAÇÃO

Recebeu propina em troca de apoio político e montou sua própria quadrilha para lavar o dinheiro da corrupção

CRIMES

Corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

A Procuradoria identificou duas estratégias montadas por Valdemar para receber a propina. A primeira delas foi por intermédio da Guaranhuns Empreendimentos, de Lúcio Bolonha Funaro, que no ano eleitoral de 2002 havia emprestado R$ 3,1 milhões a Valdemar. A segunda, por intermédio do ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas e seu irmão, Antonio Lamas. E ainda houve pagamentos feitos diretamente a Valdemar em São Paulo.

Entre fevereiro e agosto de 2003, mais de R$ 6 milhões passaram pela lavanderia da Guaranhuns, conforme laudos periciais. Os repasses - um total de 63 - foram feitos por meio de cheques e transações eletrônicas (TEDs e DOCs). Para justificar os recursos, a SMP&B

de Valério chegou a forjar um contrato com data retroativa com a Guaranhuns, representada por José Carlos Batista, apontado na denúncia como testa-de-ferro de Funaro. Mas a real natureza da operação aparece na contabilização dos recursos, conforme depoimento de Valério: 'empréstimos PT'.

Além das transações da Guaranhuns, Valdemar recebeu também repasses em espécie da SMP&B, por intermédio dos irmãos Lamas. De acordo com recibos informais, Jacinto levou R$ 1.000.000,00, e Antonio, R$ 350 mil. As entregas foram feitas em uma agência do Banco Rural e em hotéis de Brasília. Simone Vasconcelos, da SMP&B, contou que chegou a recorrer ao serviço de um carro-forte para uma entrega realizada no prédio da Confederação Nacional do Comércio. E o próprio Valdemar recebeu em São Paulo, sem intermediários, R$ 1,5 milhão do esquema, em agosto de 2004, conforme o seu próprio depoimento.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Nega ter trocado voto por propina. Argumenta que seu partido era o mesmo do então vice-presidente, José Alencar, daí ser natural o alinhamento político. Admite o recebimento de recursos, mas credita os valores ao acordo político da coligação PT-PL para as eleições de 2002. Quanto às operações para receber os recursos, diz ter seguido orientação de Delúbio Soares: o então tesoureiro do PT teria lhe instruído a tomar empréstimos para saldar as dívidas, e por isso recorreu à Guaranhuns de Lúcio Funaro. A defesa de Valdemar contesta o depoimento de Funaro e diz que os valores enviados por Marcos Valério serviriam apenas para quitar esse empréstimo, não tendo sido repassados ao PL.



JACINTO LAMAS

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Foi tesoureiro do PL (atual PR) desde sua fundação, em 1985, até fevereiro de 2005, meses antes de estourar o escândalo

O QUE FAZ HOJE

É servidor da Câmara, onde, em 2011, sem alarde, foi absolvido de um processo disciplinar sob a alegação de que as acusações contra ele se referem às suas atividades como tesoureiro do PL e não como funcionário do Congresso.

ACUSAÇÃO

Intermediou parte dos repasses ao extinto PL, do qual foi tesoureiro, e integrou a quadrilha encabeçada por Valdemar Costa Neto para ocultar a origem do dinheiro

CRIMES

Corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Jacinto Lamas recebeu pessoalmente em uma agência do Banco Rural e em hotéis de Brasília repasses da SMP&B, conforme testemunhos e recibos informais. Além disso, de acordo com Marcos Valério, pivô do mensalão, foi Jacinto quem lhe indicou a Guaranhuns para intermediar os repasses em favor de Valdemar Costa Neto e pediu um contrato forjado entre as empresas para mascarar a origem do dinheiro.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Alega que não tinha influência no partido, sendo responsável apenas "pela parte técnica voltada à propaganda do PL". Diz que Valdemar Costa Neto era quem comandava - "com mão de ferro" - o partido, incluindo questões financeiras. Afirma ter recebido valores por ordem de Valdemar e que não sabia da procedência do dinheiro, que a Procuradoria aponta ilícita. Argumenta que não era parlamentar, e assim não poderia negociar voto. Diz que nunca teve contato com a empresa Guaranhuns e não conhecia outros réus acusados de formação de quadrilha.



CARLOS (BISPO) RODRIGUES

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Deputado federal (PL-RJ) e vice-presidente do partido

O QUE FAZ HOJE

Renunciou ao mandato para escapar da cassação, afastou-se da política, mas continuou metido em escândalo: foi preso em 2006 na esteira da Operação Sanguessuga, da Polícia Federal. Em 2009, foi reintegrado à Igreja Universal, da qual havia sido afastado em 2004. Hoje, é sócio de ao menos cinco emissoras de rádio e TV no país.

ACUSAÇÃO

Recebeu propina para votar a favor de matérias do interesse do governo e ocultou a origem do dinheiro

CRIMES

Corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Tanto Carlos Rodrigues como Célio Marcos Siqueira confirmam a retirada. O motorista do deputado federal Vanderval Lima dos Santos (PL-SP) foi pessoalmente à agência do Banco Rural no Brasília Shopping e recebeu de Simone Vasconcelos, braço de Marcos Valério, uma "encomenda" de R$ 150 mil, quantia que depois levou à casa de Rodrigues.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Nega ter trocado apoio político por propina. Alega ter votado conforme decisões da bancada do PL, que naturalmente se alinhava ao governo já que era o mesmo partido do então vice-presidente, José Alencar. Quanto aos recursos que recebeu, afirma tratar-se apenas de caixa 2 e que serviram para quitar gastos da campanha de 2002 no Rio.



BRENO FISHBERG

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Sócio da corretora Bônus Banval

O QUE FAZ HOJE

Deixou a corretora, que fechou as portas pouco após o escândalo

ACUSAÇÃO

A Bônus Banval fez a intermediação dos repasses à quadrilha do PP, lavando e ocultando a origem do dinheiro. Para tanto, valeu-se de uma das contas que administrava, da Natimar, do argentino Carlos Alberto Quaglia.

CRIMES

formação de quadrilha e lavagem de dinheiro

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Breno Fischberg e Enivaldo Quadrado, sócios da Banval, reuniram-se diversas vezes com o operador do mensalão, Marcos Valério, na sede da corretora. Indicados pela cúpula pepista, Fischberg e Quadrado eram os interlocutores do núcleo operacional para os repasses ao partido. Fischberg e Quadrado disseram que Valério irrigou a Banval com o objetivo de comprá-la. Valério negou.

Quadrado admite ter orientado funcionários da Banval a sacar pelo menos R$ 605 mil do valerioduto, depois repassados aos beneficiários apontados pelo partido. É o que mostram também recibos informais apreendidos no Banco Rural, de março e setembro de 2004.

A Procuradoria aponta que, em um segundo momento, o dinheiro passou também pela conta que a Natimar, do argentino Carlos Alberto Quaglia, tinha na Bônus Banval. Por este expediente circulou mais 1,2 milhão de reais. Na CPI dos Correios, ao se defender, Quaglia acusou a Bônus-Banval: disse que sua Natimar foi usada pela corretora de forma fraudulenta para lavar dinheiro.

Conforme a Procuradoria, Fischberg e Quadrado são "profissionais do ramo de branqueamento de capitais".

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa de Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg alega que as operações da Bônus Banval são legítimas e foram feitas de modo transparente, incluindo os saques feitos a pedido de Marcos Valério, que estaria interessado na compra da corretora. Quanto às operações através da Natimar, afirma que foram determinadas pelo responsável pela empresa, Carlos Alberto Quaglia. Alega que os réus não obtiveram vantagens financeiras com as operações descritas pela Procuradoria.



ENIVALDO QUADRADO

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Sócio da corretora Bônus Banval

O QUE FAZ HOJE

A Bônus Banval fechou as portas após o escândalo. Enivaldo montou depois uma empresa de locação e venda de automóveis. Foi preso em dezembro de 2008 ao desembarcar no Aeroporto de Cumbica, na Grande São Paulo, com 361.000 euros não-declarados, sendo solto poucos dias depois

ACUSAÇÃO

A Bônus Banval fez a intermediação dos repasses à quadrilha do PP, lavando e ocultando a origem do dinheiro. Para tanto, valeu-se de uma das contas que administrava, da Natimar, do argentino Carlos Alberto Quaglia

CRIMES

formação de quadrilha e lavagem de dinheiro

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Breno Fischberg e Enivaldo Quadrado, sócios da Banval, reuniram-se diversas vezes com o operador do mensalão, Marcos Valério, na sede da corretora. Indicados pela cúpula pepista, Fischberg e Quadrado eram os interlocutores do núcleo operacional para os repasses ao partido. Fischberg e Quadrado disseram que Valério irrigou a Banval com o objetivo de comprá-la. Valério negou.

Quadrado admite ter orientado funcionários da Banval a sacar pelo menos R$ 605 mil do valerioduto, depois repassados aos beneficiários apontados pelo partido. É o que mostram também recibos informais apreendidos no Banco Rural, de março e setembro de 2004. A Procuradoria aponta que, em um segundo momento, o dinheiro passou também pela conta que a Natimar, do argentino Carlos Alberto Quaglia, tinha na Bônus Banval. Por este expediente circulou mais 1,2 milhão de reais.

Na CPI dos Correios, ao se defender, Quaglia acusou a Bônus-Banval: disse que sua Natimar foi usada pela corretora de forma fraudulenta para lavar dinheiro.

Conforme a Procuradoria, Fischberg e Quadrado são "profissionais do ramo de branqueamento de capitais".

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa de Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg alega que as operações da Bônus Banval são legítimas e foram feitas de modo transparente, incluindo os saques feitos a pedido de Marcos Valério, que estaria interessado na compra da corretora. Quanto às operações através da Natimar, afirma que foram determinadas pelo responsável pela empresa, Carlos Alberto Quaglia. Alega que os réus não obtiveram vantagens financeiras com as operações descritas pela Procuradoria.



CARLOS ALBERTO QUAGLIA

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Proprietário da Natimar

O QUE FAZ HOJE

Desfez-se da Natimar algum tempo após o estouro do escândalo

ACUSAÇÃO

A Natimar integrou a quadrilha que lavava a propina do valerioduto em favor da cúpula do PP. A empresa do argentino Carlos Alberto Quaglia tinha conta na Bônus Banval, e foi por meio dessa conta que o dinheiro seguiu até José Janene, Pedro Correa e Pedro Henry.

CRIMES

Formação de quadrilha e lavagem de dinheiro

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Conforme a Procuradoria, o dinheiro injetado na Bônus Banval ia parar na conta que a Natimar mantinha na corretora e de lá seguia para as arcas pepistas. Desta maneira, a quadrilha mascarava o vínculo entre Valério e os destinatários finais do valerioduto. As transferências assinadas por Quaglia estão documentadas em laudo.

Embora a Natimar, do ponto de vista formal, tivesse a palavra final sobre o destino do dinheiro que as empresas de Valério desviavam para a Bônus Banval, Quaglia e Marcos Valério não tinham negócios em comum. Nem se conheciam.

Na CPI dos Correios, ao se defender, Quaglia acusou a Bônus-Banval: disse que sua Natimar foi usada pela corretora de forma fraudulenta para lavar dinheiro.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Alega que a Natimar era apenas uma cliente da Bônus Banval. Afirma ter comunicado à corretora o recebimento indevido de valores em sua conta e que por isso autorizou que a Bônus Banval a repassar o dinheiro a seus verdadeiros donos, não tendo recebido vantagem alguma das operações.



JOÃO PAULO CUNHA

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Deputado federal (PT-SP) e presidente da Câmara

O QUE FAZ HOJE

Em 2006, foi absolvido por seus pares e reelegeu-se deputado federal. Está em seu quinto mandato como deputado-federal e em 2012 quer disputar a prefeitura de Osasco

ACUSAÇÃO

Recebeu propina para beneficiar as empresas de Marcos Valério e desviou recursos de contrato celebrado com a Câmara dos Deputados, que presidia

CRIMES

Corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Em 3 de setembro, João Paulo Cunha reuniu-se com Marcos Valério, conforme a secretária do publicitário. No dia seguinte, Cunha recebeu 50 000 do valerioduto por intermédio de sua mulher, que fez o saque em espécie na agência do Banco Rural no Shopping Brasília - ambos admitiram a retirada. No dia 16 do mesmo mês, saiu o edital de licitação da conta de publicidade da Câmara, e a vencedora foi a SMP&B, de Valério, agência que havia sido desclassificada da concorrência anterior por insuficiência técnica.

Deste contrato, executado em 2004, Cunha é acusado de desviar em proveito próprio 252 000 reais. O valor refere-se à subcontratação pela

SMP&B da empresa de um jornalista que já prestava assessoria ao deputado. Com isso, Cunha continuaria desfrutando dos serviços sem ter que arcar com os custos. Do mesmo contrato, a Procuradoria aponta que Cunha é responsável por 536.440,55 reais desviados para o caixa de Marcos Valério. Isso porque a SMP&B Comunicação recebia honorários de 5% para intermediar subcontratações, que atingiram a marca de 99,9% do contrato original, de 10.745.902,17 reais. Em outras palavras, por meio deste contrato, Valério "foi remunerado para nada fazer", segundo a denúncia.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Diz que sua mulher, ao sacar o dinheiro na boca do caixa, "nunca se ocultou ou escondeu a sua identidade" e que não tinha como saber se era lícita ou ilícita a origem dos recursos. Sobre a acusação de corrupção passiva, diz não haver relação entre a quantia sacada e a licitação da conta de publicidade da Câmara. Diz que não controlava o procedimento licitatório, que a concorrência foi regular e que SMP&B venceu por mérito próprio. Quanto à execução do contrato, diz que não havia limite para subcontratação e que os serviços foram de fato prestados.



PAULO ROCHA

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Deputado federal (PT-PA) e líder do PT na Câmara entre fevereiro e agosto de 2005

O QUE FAZ HOJE

Renunciou ao mandato ainda em 2005 para escapar da cassação e reelegeu-se deputado federal em 2006. Tentou o Senado em 2010, sem sucesso.

ACUSAÇÃO

Recebeu 820 000 reais do valerioduto e ocultou sua origem, valendo-se da intermediação de assessores.

CRIMES

lavagem de dinheiro

O QUE GANHOU DO ESQUEMA

Recebeu 820 000 reais, em oito parcelas, parte do que teria sido usado em favor dos diretórios do PT e PSB no Pará.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Os saques realizados em favor de Paulo Rocha constam de recibos informais e testemunhos. A assessora Anita Leocádia e o próprio Paulo Rocha admitiram em juízo o recebimento de 620 000 reais. Parte do dinheiro, 200 000 reais, foi entregue a Anita pelo próprio Marcos Valério em um hotel de São Paulo. Outro assessor, Charles Santos Dias, diz ter recebido mais 200 000 reais em uma agência do Banco Rural de Belo Horizonte.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa alega que Paulo Rocha não obteve nenhum benefício pessoal, uma vez que o dinheiro sacado foi destinado ao pagamento de dívidas de campanha. Argumenta que todas as operações foram feitas regularmente através do sistema financeiro e que o então deputado só se valeu de intermediários para os saques porque presidia, à época, o diretório paraense do PT.



JOÃO MAGNO

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Deputado federal (PT-MG)

O QUE FAZ HOJE

Livrou-se da cassação em fevereiro de 2006, em votação comemorada pela colega Ângela Guadagnin (PT-SP) com a famigerada dança da pizza. Não ocupa cargo público

ACUSAÇÃO

Recebeu 360 000 reais do valerioduto e ocultou a transação valendo-se de um assessor e do tesoureiro de sua campanha para prefeito de Ipatinga, em 2004.

CRIMES

Lavagem de dinheiro

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Tanto os assessores como o ex-deputado admitem que receberam dinheiro do valerioduto. Magno diz ter acertado a negociação pessoalmente com Marcos Valério, por orientação de Delúbio Soares, e diz que só não declarou os valores porque não recebera do então tesoureiro do PT a documentação necessária - o que foi feito após o escândalo.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Alega que não obteve qualquer proveito pessoal do esquema e que só não prestou contas à Justiça Eleitoral porque o então tesoureiro Delúbio Soares não mandou a documentação a tempo. Afirma que agiu de boa fé e que não tinha conhecimento da origem do dinheiro.



PROFESSOR LUIZINHO

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Deputado federal (PT-SP) e líder do governo na Câmara entre abril de 2004 e março de 2005.

O QUE FAZ HOJE

Escapou da cassação, mas não conseguiu se reeleger em 2006. Não conseguiu sequer ser eleito vereador de Santo André, no ABC Paulista, em 2008. Hoje atua como consultor.

ACUSAÇÃO

Recebeu 20 mil reais do valerioduto e ocultou sua origem, valendo-se da intermediação de um assessor

CRIMES

Lavagem de dinheiro

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

O assessor José Nilson dos Santos admitiu ter realizado o saque em uma agência do Banco Rural em São Paulo, e Marcos Valério disse ter autorizado o pagamento a mando de Delúbio Soares.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Nega que tenha recebido o dinheiro: alega que seu assessor José Nilson dos Santos buscou pessoalmente obter os recursos para quitar despesas de candidatos a vereador do PT nas eleições de 2004



ANDERSON ADAUTO

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Ministro dos Transportes de Lula em 2003 e 2004 e prefeito de Uberaba a partir de 2005

O QUE FAZ HOJE

Foi reeleito prefeito de Uberaba (MG) em 2008

ACUSAÇÃO

Recebeu R$ 950.000,00 de Marcos Valério, valendo-se de assessores para ocultar a origem do dinheiro, e intermediou a compra de apoio político do PTB

CRIMES

Corrupção ativa e lavagem de dinheiro

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Marcos Valério diz ter destinado R$ 1.000.000 a Anderson Adauto em 16 parcelas. Em suas alegações finais, a Procuradoria aponta recibos informais provando que Adauto faturou R$ 950.000 em 13 parcelas. Deste total, R$ 600.000 foram sacados do Banco Rural em seis parcelas por José Luiz Alves, que também é réu do processo. Mais R$ 350 mil foram entregues em sete parcelas ao irmão do então ministro, Édson Pereira de Almeida, pela diretora financeira da SMP&B, Simone Vasconcelos. Adauto admitiu ter recebido R$ 410 mil para quitar débitos de campanha. Alves admitiu ter recebido em espécie R$ 200 mil de um funcionário do Banco Rural e reconheceu sua assinatura em alguns dos recibos.

A Procuradoria também aponta o papel de Adauto, do PL (depois PR), no acerto feito entre PT e PTB para a continuidade do mensalão. Conforme a denúncia, Adauto foi procurado pelo também mineiro Romeu Queiroz (PTB-MG) em busca de um canal para restabelecer os pagamentos acertados com José Carlos Martinez, o antigo presidente do partido, morto em outubro de 2003. Após a intermediação de Adauto, o dinheiro voltou a encher os bolsos dos petebistas, agora liderados por Roberto Jefferson.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Sobre a acusação de corrupção ativa, diz que o ex-deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) é seu amigo, e esta é a única razão para os contatos que manteve com ele. Alega que o PTB não precisaria da sua interlocução junto ao governo federal uma vez que o partido já comandava um ministério, o do Turismo, com Walfrido dos Mares Guia. Sobre a acusação de lavagem de dinheiro, admite ter recebido R$ 410 mil por intermédio de José Luiz Alves, então seu chefe-de-gabinete, para quitar dívidas da campanha de 2002, mas afirma ter acreditado que o dinheiro tinha origem lícita.



JOSÉ LUIZ ALVES

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Foi chefe de gabinete de Anderson Adauto, que ocupou o Ministério dos Transportes em 2003 e 2004

O QUE FAZ HOJE

Preside o Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba (Codau), autarquia da cidade hoje administrada por Adauto.

ACUSAÇÃO

Recebeu em nome do então ministro dos Transportes, Anderson Adauto, 600 mil reais. Ao contrário de outros laranjas, "agia profissionalmente como intermediário de Anderson Adauto, tendo ciência que estava viabilizando criminosamente o recebimento de valores em espécie", diz a Procuradoria-Geral da República

CRIMES

lavagem de dinheiro

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Em suas alegações finais, a Procuradoria aponta recibos informais provando que Adauto faturou 950.000 reais em 13 parcelas. Deste total, 600.000 reais foram sacados do Banco Rural em seis parcelas por José Luiz Alves. Em seu primeiro depoimento, Alves optou por permanecer em silêncio. Interrogado novamente, admitiu ter sacado em espécie 200 mil reais do Banco Rural em Brasília e reconheceu sua assinatura em alguns dos recibos.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Diz ter feito apenas dois saques, a pedido de seu chefe, Anderson Adauto, e que acreditava que os recursos tinham origem lícita: empréstimos do PT.



PEDRO CORRÊA

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Deputado federal (PP-PE) e presidente do partido

O QUE FAZ HOJE

Foi o único pepista que teve o mandato cassado - em março de 2006. Deixou a presidência do partido, mas foi reconduzido à executiva nacional da legenda. Ainda não recuperou seus direitos políticos, mas conseguiu eleger a filha, Aline Corrêa, deputada federal (PP-SP).

ACUSAÇÃO

Recebeu propina em troca de apoio ao governo Lula e montou sua própria quadrilha para lavar o dinheiro da corrupção

CRIMES

Corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Conforme depoimentos, Pedro Correa participou da costura em 2003 dos acordos "de cooperação financeira" com o PT, ao mesmo tempo em que o PP, que presidia, era convidado a compor a base de sustentação do recém empossado presidente Lula.

Correa, Janene e Henry receberam os milhões do esquema por meio de duas estratégias. Por uma delas, o assessor de Janene, João Cláudio Genu, fazia as retiradas em nome do PP no Banco Rural ou diretamente das mãos de Simone Vasconcelos, diretora financeira da SMB&P. Genu admite as operações e diz que tinha autorização expressa de Correa e Janene para realizar cada uma delas.

A outra estratégia utilizada por Correa, Janene e Henry consistia na transferência de recursos por intermédio das empresas Bônus Banval e Natimar, que se encarregavam da lavagem de dinheiro.

Em seu depoimento, Correa admite ter recebido R$ 700 mil do PT, quantia que teria sido destinada para pagar os honorários do advogado que defendeu o ex-deputado Ronivon Santiago.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Alega que não teve participação nas operações da Bônus Banval e da Natimar, cujos donos nem conhecia. Sobre a ajuda financeira do PT, alega que a decisão de recebê-la foi tomada de forma colegiada pela bancada do PP e que o dinheiro destinava-se a custear a defesa de Ronivon Santiago em ações movidas pelo próprio PT. Assegura que ele próprio, Correa, não obteve benefício algum. Sobre os saques em espécie, diz que à época as contas do PP estavam bloqueadas. "Dos partidos da base governista, o PP era o que menos votava alinhado com o Governo", argumenta a defesa do ex-deputado.



PEDRO HENRY

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Deputado federal (PP-MT) e líder do partido na Câmara em 2003 e 2004

O QUE FAZ HOJE

Escapou da cassação na Câmara dos Deputados e reelegeu-se em 2006 e 2010. Voltou a ter o nome envolvido em escândalos no caso dos sanguessugas.

ACUSAÇÃO

Recebeu propina em troca de apoio ao governo e formou sua própria quadrilha para lavar o dinheiro da corrupção

CRIMES

Corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

O nome de Pedro Henry foi envolvido no escândalo por Roberto Jefferson na mesma entrevista em que denunciou o mensalão, concedida em junho de 2005 ao jornal Folha de S.Paulo. Jefferson disse que Henry chegou a pressionar o PTB a aderir ao esquema.

Segundo a Procuradoria, Henry ocupava junto com Pedro Correa, presidente do PP, e José Janene, líder de bancada, o topo do organograma da quadrilha montada para receber os milhões de Marcos Valério, o que foi feito por meio de dois expedientes. Por um deles, o assessor de Janene, João Cláudio Genu, fazia as retiradas em nome

do PP no Banco Rural ou diretamente das mãos de Simone Vasconcelos, diretora financeira da SMB&P. A outra estratégia consistia na transferência de recursos por intermédio das empresas Bônus Banval e Natimar, que se encarregavam da lavagem de dinheiro.

Genu, o intermediário dos saques, admite as operações e diz que tinha autorização expressa de Correa e Janene para realizar cada uma delas. Conta também ter testemunhado uma reunião entre Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, Henry e Correa, quando os pepistas teriam mencionado a necessidade de apoio financeiro. Conforme depoimento de Correa, Henry participou das negociações com o PT, costuradas em reuniões com José Genoino, José Dirceu, Silvio Pereira e Marcelo Sereno.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Diz que o PP nunca obrigou parlamentares a votar a favor de projeto algum e que o compromisso de apoiar o PT não configura crime. Afirma que nunca tratou de assunto financeiro com o PT e que o réu João Cláudio Genu, que admite os saques, não estava subordinado a ele. Diz que a acusação se baseia apenas no depoimento do ex-deputado Roberto Jefferson, do PTB.



JOÃO CLÁUDIO GENU

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Era assessor do então deputado federal e líder do PP na Câmara José Janene (PP-PR)

O QUE FAZ HOJE

Deixou o cargo na Câmara em março de 2007 e voltou a servir como funcionário do Ministério da Agricultura, do qual foi demitido no ano seguinte.

ACUSAÇÃO

Serviu de intermediário do valerioduto em favor dos caciques do PP, permitindo que os recursos chegassem ao partido sem que sua cúpula ou a origem do dinheiro fossem identificados. Também foi favorecido pelos repasses ao PP feitos por intermédio do esquema de lavagem de dinheiro que envolveu a Bônus Banval e a Natimar.

CRIMES

Formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Genu admitiu ter recebido em malas e sacolas as parcelas do mensalão em nome do PP, o que é corroborado por recibos informais, e-mails e testemunhos. Para um dos saques, Genu identificou-se com sua carteira do Conselho Regional de Economia, que foi xerocada e arquivada.

Como homem de confiança do PP, Genu também participou de reuniões com os demais integrantes da quadrilha do PP e também com os elos

dos núcleos político e operacional do mensalão. Ao contrário de outras pessoas que intermediaram o mensalão, a Procuradoria aponta que Genu "atuou dolosamente como intermediário na arrecadação da vantagem indevida"

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Admite ter recebido os recursos, mas alega ter atuado apenas como mensageiro do PP, por ordem do ex-deputado José Janene. Alega também que não buscou dissimular os saques nem ocultar sua identidade, pondo-se na mesma situação de Antonio Lamas, cuja condenação a Procuradoria desistiu de pedir. Afirma que não foi beneficiário direto do esquema e que só acompanhava Janene até a corretora Bônus Banval por problemas de saúde do ex-deputado, morto em 2010.



JOSÉ BORBA

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Líder da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados

O QUE FAZ HOJE

Renunciou ao cargo em 2005, para escapar da cassação, mas não conseguiu se eleger para a Câmara no ano seguinte. É o atual prefeito de Jandaia do Sul, Paraná

ACUSAÇÃO

Recebeu propina para votar a favor de matérias do interesse do governo e ocultou a origem do dinheiro.

CRIMES

Corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Para receber uma parcela de 200 000 reais, Borba foi pessoalmente à agência do Banco Rural no Brasília Shopping, episódio testemunhado por um funcionário da agência. Para não deixar rastro da operação, recusou-se a assinar o comprovante do recibo. Simone Vasconcelos, braço direito de Marcos Valério, dirigiu-se então à agência, assinou o recibo e entregou a quantia ao parlamentar, conforme ela mesma declarou.

Borba admitiu em depoimento ter procurado Marcos Valério para obter nomeações na administração pública que ainda não haviam sido atendidas por intermédio de Silvio Pereira, então secretário-geral do PT.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Nega ter recebido recursos do PT ou de Marcos Valério "no Banco Rural ou em qualquer outro lugar" e alega que a Procuradoria se baseia apenas nos depoimentos do operador do mensalão e seu braço direito, Simone Vasconcelos.



KÁTIA RABELLO

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Presidente do Banco Rural

O QUE FAZ HOJE

Acionista do Banco Rural

ACUSAÇÃO

Em busca de favores do governo, o banco controlado por Kátia Rabello serviu como braço financeiro do esquema do mensalão.

CRIMES

Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e gestão fraudulenta.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

De acordo com a Procuradoria-Geral da República, o banco presidido por Kátia Rabello agiu em todas as frentes do mensalão: financiou parte do esquema, por meio da simulação de empréstimos no valor de R$ 32 milhões; permitiu que se misturassem recursos dos empréstimos com dinheiro desviado dos contratos de publicidade; viabilizou a distribuição segura dos valores, sem identificar os reais beneficiários; e ocultou dos órgãos de controle as evidências de lavagem de dinheiro.

A promotoria apresenta um documento subscrito por Kátia e outros 15 dirigentes do Rural - entregue ao Banco Central durante uma investigação da offshore Trade Link - em que os executivos negam a participação direta ou indireta do Banco Rural. Segundo a denúncia, o Rural mentiu, já que o quadro societário do banco coincide com o do

Trade Link Bank, estando comprovada a existência de diversos acionistas pertencentes às duas instituições. A própria Kátia chegou a negar, em depoimento no Congresso, a existência de sociedade entre o Rural e a Trade Link.

A promotoria diz que a razão pela qual os dirigentes do Banco Rural temem o reconhecimento de uma vinculação formal entre o banco e a offshore é que a Trade Link já foi diversas vezes utilizada como um suporte operacional de vários doleiros para a prática de evasão de divisas e lavagem de capitais em volumes bilionários, estando envolvida, diretamente, no caso Banestado.

Também consta da acusação o fato de Marcos Valério ter intermediado um empréstimo junto ao Banco Rural em favor da ex-mulher de José Dirceu.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa de Kátia Rabello nega todas as acusações e alega que sua relação com o núcleo de Valério eram "profissionais", que os empréstimos eram verdadeiros, que o risco foi devidamente avaliado, que os procedimentos descritos no processo "estão longe de configurar intenção de ocultar recursos", que não há limite para saques em dinheiro e que, em resumo, o "Banco Rural agiu rigorosamente dentro da lei". Em depoimento, Kátia disse ainda que, mesmo sendo presidente do banco, não tinha participação direta na área de concessão de empréstimos.



JOSÉ ROBERTO SALGADO

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Executivo do Banco Rural

O QUE FAZ HOJE

Membro do Conselho de Administração do Banco Rural

ACUSAÇÃO

É acusado de autorizar e renovar empréstimos fraudulentos para Marcos Valério, além de viabilizar a remessa de dinheiro para o exterior.

CRIMES

Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

A promotoria cita a existência de contratos com a assinatura do executivo para a liberação de até 30.050.000,00 reais para empresas de Valério. O esquema inaugurado quando Salgado ainda ocupava a Vice-Presidência de Apoio Operacional também disponibilizava um seguro sistema de distribuição dos valores sem identificação dos destinatários reais para o Banco Central e para Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa de Salgado classifica de inconsistente o depoimento da testemunha de acusação Carlos Godinho e que a acusação da PGR é genérica. Afirma que o réu não participou da concessão dos empréstimos nem da distribuição de valores em espécie e que não há qualquer vínculo entre os fatos e o réu.



VINICIUS SAMARANE

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Diretor do Banco Rural

O QUE FAZ HOJE

Vice-presidente do Banco Rural

ACUSAÇÃO

Ajudou a omitir do sistema de informações do Banco Central o nome dos beneficiários dos recursos do mensalão sacados das contas de Marcos Valério, infringindo normas do sistema financeiro.

CRIMES

Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Segundo a denúncia, Samarane era um dos dirigentes do Rural que estabeleceram mecanismos de operacionalização dos pagamentos em espécie às pessoas indicadas por Marcos Valério, de forma a impedir a identificação dos efetivos beneficiários, bem como burlar a legislação e normas que estabelecem a necessidade de identificação e comunicação às autoridades competentes de operações com indicativos de lavagem de dinheiro.

A ocultação, dissimulação da natureza da operação financeira, da origem, da movimentação e da destinação dos recursos financeiros disponibilizados pelo Banco Rural ao grupo de Marcos Valério foram constatadas a partir da análise da documentação requisitada

pela promotoria ao Banco Central e anexada à denúncia. De acordo com relatório do BC, a lavagem de dinheiro ocorria da seguinte forma: o banco Rural emitia um "Formulário de Controle de Transações em Espécie" informando que o portador e o beneficiário final dos recursos repassados por cheque emitido por meio de uma conta da SMPB no banco era a própria empresa e que o dinheiro se destinava ao pagamento de fornecedores. Depois, um e-mail era enviado por uma funcionária da agência de Valério ao gerente do Banco Rural informando o nome das pessoas autorizadas a sacar o dinheiro na "boca do caixa", após o que a agência do Rural em Belo Horizonte enviava um fax à agência do banco em Brasília, autorizando os saques.

Ou seja, o Rural, embora soubesse dos verdadeiros beneficiários dos recursos, registrou no Sistema do Banco Central (Sisbacen) que os saques eram efetuados pela SMPB e que se destinavam ao pagamento de fornecedores.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Os advogados de Samarane sustentam que e executivo não conhece os demais réus por formação de quadrilha – à exceção dos demais integrantes do banco – e afirma que as ações do Rural não constituem crimes de gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, já que foram concedidos "a empresas de grande porte, em valores compatíveis com suas receitas e com a prática da própria instituição financeira, com garantia de avais dos sócios e cessão de direitos".



AYANNA TENÓRIO

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Executiva do Banco Rural

O QUE FAZ HOJE

Consultora

ACUSAÇÃO

Ayanna é acusada de liberar empréstimos fraudulentos para as empresas de Marcos Valério, abastecendo o esquema criminoso.

CRIMES

Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Ayanna chegou a autorizar pessoalmente diversas operações de empréstimo às empresas de Valério – ação pela qual foi punida pelo Banco Central com uma inabilitação de cinco anos para gerir instituição financeira. Como provas, a promotoria cita contratos com a assinatura da executiva para a liberação de até 27.809.300,00 de reais para a SMPB Comunicação.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa da executiva alega que Ayanna "não teve nenhuma, rigorosamente nenhuma participação" na concessão dos empréstimos fraudulentos e que ela não tratava de operações de crédito nem fiscalizava o cotidiano das agências do Rural. "Pela prova carreada para os autos, não restam dúvidas de que os empréstimos concedidos às empresas SMP&B foram efetivados por intermédio de José Augusto Dumont (ex-vice-presidente do Rural, já falecido)", afirmam os advogados de Ayanna nas alegações finais do processo.



LUIZ GUSHIKEN

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Secretário de Comunicação do governo Lula

O QUE FAZ HOJE

Gushiken perdeu o status de ministro, mas continuou no governo como assessor especial do então presidente Lula. Pediu demissão em novembro de 2006 e abriu uma empresa de consultoria

ACUSAÇÃO

Na denúncia aceita pelo STF, em 2007, Gushiken é acusado de orquestrar com Henrique Pizzolato, diretor de marketing do BB, o desvio de recursos em favor da agência DNA, de Marcos Valério. Já em suas alegações finais, apresentadas em 2011, a Procuradoria diz que não se colheram provas contra Gushiken e pede sua absolvição.

CRIMES

Peculato

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Na denúncia do mensalão, feita em 2006, a Procuradoria se baseou no depoimento de Henrique Pizzolato, diretor de marketing do BB, para acusar o secretário de Comunicação do governo Lula. Na CPI dos Correios, ao tentar justificar as vantagens obtidas pela DNA junto ao Banco do Brasil, Pizzolato contou ter consultado Gushiken antes de autorizar repasses à agência: 'Ele (Gushiken) disse: assina, porque não há nenhum problema', disse o diretor do BB. 'Entendi aquilo como uma ordem. Eu não iria confrontar o ministro.' A DNA de Valério foi favorecida pelo BB com antecipações que somaram

R$ 73.851.000,00, em quatro parcelas, sem que o banco tomasse controle da aplicação dos recursos.

Já em suas alegações finais, em 2011, a Procuradoria revê a denúncia e passa a defender absolvição de Gushiken por considerar que não há prova de que o ex-ministro tenha tomado parte do esquema que irrigou o valerioduto.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Lembra que a própria Procuradoria reconhece não ter colhido provas contra Gushiken



DUDA MENDONÇA

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Veterano do marketing político, o publicitário Duda Mendonça trabalhou em 2002 na vitoriosa campanha de Lula e em 2004 na fracassada campanha de Marta Suplicy para prefeita de São Paulo.

O QUE FAZ HOJE

Continua trabalhando com marketing político. Em 2010, foi o responsável pelas campanhas que levaram ao Senado a petista Marta Suplicy e o tucano Cássio Cunha Lima. Também trabalhou na eleição de Ricardo Coutinho, do PSB, para o governo da Paraíba, e na reeleição de Roseana Sarney, no Maranhão.

ACUSAÇÃO

Recebeu pagamentos no Brasil e no exterior pelo esquema de lavagem de dinheiro montado por Marcos Valério e o Banco Rural

CRIMES

Lavagem de dinheiro e evasão de divisas

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

O PT tinha um débito milionário com o publicitário que elegeu "Lulinha paz e amor" em 2002. Para quitá-lo, acionou o operador do mensalão, Marcos Valério, que pôs em ação o esquema do Banco Rural. Conforme o depoimento de Valério, foi Delúbio Soares, tesoureiro do PT, quem ordenou os repasses.

A Procuradoria aponta dois métodos que viabilizaram os pagamentos. O primeiro, no início de 2003, consistiu em saques na agência do Banco Rural em São Paulo, feitos por Zilmar Fernandes, sócia de Duda. Em cinco operações, três em fevereiro e duas em abril daquele ano, Zilmar retirou R$ 1,4 milhão em espécie, de acordo com testemunhos. Em um segundo momento, Duda e Zilmar passaram a receber as parcelas da dívida no exterior. Para tanto, abriram a offshore Dusseldorf Company Ltd nas Bahamas, Caribe. Cerca de R$ 10 milhões saíram do país por meio desse expediente. A Procuradoria identificou 53 operações de remessa de dinheiro para o exterior, 24 das quais através dos seguintes braços do Banco Rural: Rural International Bank, IFE Banco Rural, Banco Rural Europa e Trade Link Bank. Para abastecer a conta de Duda e Zilmar no exterior, a quadrilha também se valeu do esquema conhecido como dólar-cabo. Por esse expediente, uma transferência feita em um país é compensada, irregularmente, por outra de valor equivalente no exterior. Um dos doleiros acionados foi Jader Kalid Antônio, que contou ter sido procurado pela quadrilha de Valério e feito a transferência de U$ 131.838.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa de Duda e Zilmar alega que eles não sabiam que o dinheiro recebido pudesse ter origem ilícita e que não havia à época qualquer indício da "organização criminosa voltada para o cometimento de crimes contra a administração pública e o sistema financeiro nacional". Argumenta que os valores em questão eram o pagamento por serviços efetivamente prestados ao PT, nada havendo de irregular nisso. Quanto à acusação de evasão de divisas, alega que os valores recebidos na conta da empresa Dusseldorf já estavam no exterior. Sobre manter depósitos no Caribe e não declará-los, afirma que o montante em questão era inferior à quantia que os obrigaria a fazê-lo, conforme norma do Banco Central vigente à época.



ZILMAR FERNANDES

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Sócia do publicitário Duda Mendonça

O QUE FAZ HOJE

Continua trabalhando com Duda Mendonça

ACUSAÇÃO

Recebeu pagamentos no Brasil e no exterior pelo esquema de lavagem de dinheiro montado por Marcos Valério e o Banco Rural

CRIMES

Lavagem de dinheiro e evasão de divisas

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

A Procuradoria considera Zilmar o braço operacional de Duda. Era ela quem fazia os contatos com outros elos da quadrilha para receber os repasses providenciados por Marcos Valério, sob a orientação de Delúbio Soares, tesoureiro do PT.

Foi a própria Zilmar quem realizou os primeiros saques do valerioduto, em espécie, na agência do Banco Rural em São Paulo, no primeiro semestre de 2003. Em cinco ocasiões, recolheu a soma de R$ 1,4 milhão e assinou os recibos correspondentes.

A Procuradoria mostra também que Zilmar e Duda tinham contas no exterior e abriram a offshore Dusseldorf para receber os pagamentos sem declará-los às autoridades. Ambos, segundo a acusação, já recebiam dinheiro no exterior muito antes do valerioduto entrar em

operação. Em seu depoimento, Zilmar contou que todo o dinheiro que chegou à conta da Dusseldorf proveio do esquema de Valério.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa de Duda e Zilmar alega que eles não sabiam que o dinheiro recebido pudesse ter origem ilícita e que não havia à época qualquer indício da "organização criminosa voltada para o cometimento de crimes contra a administração pública e o sistema financeiro nacional". Argumenta que os valores em questão eram o pagamento por serviços efetivamente prestados ao PT, nada havendo de irregular nisso. Quanto à acusação de evasão de divisas, alega que os valores recebidos na conta da empresa Dusseldorf já estavam no exterior. Sobre manter depósitos no Caribe e não declará-los, afirma que o montante em questão era inferior à quantia que os obrigaria a fazê-lo, conforme norma do Banco Central vigente à época.



HENRIQUE PIZZOLATO

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Diretor de marketing do Banco do Brasil

O QUE FAZ HOJE

Aposentou-se pelo Banco do Brasil em julho de 2005, com salário de 13.000 reais mensais. Mora em um apartamento na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, comprado um mês depois de receber 336.000 reais de Valério. O imóvel custou 400.000 reais.

ACUSAÇÃO

Recebeu propina para favorecer uma agência de Marcos Valério na execução de contratos milionários com o Banco do Brasil, com prejuízo para o banco estatal

CRIMES

Corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Pizzolato recebeu em sua residência R$ 326.660,67 do valerioduto, por intermédio de um funcionário da Previ, em razão dos serviços prestados à quadrilha. Foram vários os serviços, desde a contratação da DNA de Marcos Valério até a prorrogação do contrato e a antecipação de pagamentos sem a devida prestação de contas.

Entre maio e junho de 2003, o Banco do Brasil autorizou o pagamento adiantado de R$ 73.851.000,00 à DNA, em quatro parcelas, por intermédio da empresa gestora do fundo Visanet. Pelo menos três das parcelas foram justificadas pela agência de Valério com notas frias,

de acordo com laudo pericial, e não há comprovação da aplicação dos recursos. Só a DNA mereceu este tratamento. Na CPI dos Correios, Pizzolato atribuiu ao então titular da Secretaria de Comunicação, Luiz Gushiken, a ordem para autorizar os pagamentos. 'Assine o que é preciso assinar', teria dito Gushiken.

Pizzolato permitiu também que a agência do mensalão embolsasse descontos, comissões e bonificações oferecidas por empresas subcontratadas, o que, por previsão contratual, deveriam ser abatidos do contrato original. Exatos R$ 2.923.686,15, conforme levantamento do TCU, foram desviados por esse expediente durante a gestão de Pizzolato.

A Procuradoria considera que a DNA já detinha contratos com o Banco do Brasil antes de Pizzolato chegar ao marketing do Banco do Brasil, mas foi na sua gestão que os repasses foram concentrados em favor da agência de Valério sem que houvesse controle sobre a aplicação do dinheiro. Para a Procuradoria, Pizzolato agiu de forma deliberada em favor da quadrilha do mensalão.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa alega que Pizzolato não tinha competência "para determinar pagamento ou fiscalizar execução de contratos" nem poder para "interferir na gestão do Fundo Visanet". Sobre as bonificações que a agência de Valério deixou de repassar ao Banco do Brasil, contesta a Procuradoria e diz que não se tratava de um direito do banco e cita outras agências que fizeram o mesmo. Sobre os recursos sacados do Banco Rural, alega que "seu ato foi apenas a de fazer um favor. Pegar um envelope em um endereço para entregar ao PT. Como não podia naquele momento, solicitou para um contínuo do Conselho da Previ"



ANTÔNIO LAMAS

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Assessor da liderança do PL na Câmara

O QUE FAZ HOJE

Deixou a Câmara na esteira do escândalo e foi trabalhar como gerente em uma casa lotérica

ACUSAÇÃO

Conforme a denúncia aceita pelo STF em 2007, Antônio Lamas intermediou um dos repasses ao antigo PL (hoje PR) e integrou a quadrilha encabeçada por Valdemar Costa Neto para ocultá-los. Já em suas alegações finais, feitas em 2011, a Procuradoria-Geral da República (PGR) desiste da condenação do assessor, por considerar que não há provas de que ele tivesse conhecimento dos crimes - ao contrário do irmão Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL, que a PGR acusa de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

CRIMES

Lavagem de dinheiro e formação de quadrilha

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Antonio Lamas admite ter atendido a um pedido de Valdemar Costa Neto para buscar "uma encomenda" na agência do Banco Rural no Brasília Shopping. Lá, descobriu tratar-se de dinheiro, que, sem contar, levou à residência do deputado no Lago Sul. Mas com base nos depoimentos, a Procuradoria diz, em suas alegações finais, que não está provado que Antonio tivesse conhecimento do esquema criminoso.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

Alega que atuou como mensageiro do PL, fazendo um único saque em nome do deputado federal Valdemar Costa Neto.



ANITA LEOCÁDIA

O QUE FAZIA NA ÉPOCA

Era assessora do deputado federal Paulo Rocha (PT-PA)

O QUE FAZ HOJE

Pediu demissão da Câmara

ACUSAÇÃO

Recebeu R$ 620 mil do esquema em nome do deputado federal Paulo Rocha (PT-PA), a quem prestava assessoria. Ao contrário de outros laranjas, Anita "agia profissionalmente como intermediária de Paulo Rocha, tendo ciência que estava viabilizando criminosamente o recebimento de valores em espécie", segundo a Procuradoria

CRIMES

lavagem de dinheiro

EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA

Os saques realizados pela assessora Anita Leocádia em favor de Paulo Rocha constam de recibos informais, e ambos admitiram em juízo o recebimento de R$ 620 mil. Parte do dinheiro, R$ 200 mil, foi entregue a Anita pelo próprio Marcos Valério em um hotel de São Paulo.

O QUE DIZ EM SUA DEFESA

A defesa alega que Anita realizou os saques por ordem superior - do deputado Paulo Rocha (PT-PA) -, que desconhecia a origem supostamente ilícita do dinheiro e que não era sua função declará-lo à Justiça Eleitoral. Lembra também que outros intermediários do esquema não foram denunciados.

 

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Autor Everaldo Paixão

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1 comentários:

  1. Era mesmo uma quadrilha de bandidos especializada em assaltar os cofres públicos. É para isso que serve os altíssimos impostos que pagamos, e ainda por cima a Presidente Dilma Roussef chamou os países ricos de protecionistas, precisa parar de olhar para a casa dos outros e cuidar mais da nossa.

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