Testes feitos em seis pacientes com manifestações neurológicas indicam infecção pelo vírus
Mosquito Aedes aegypti transmite dengue, chicungunha e zika
Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem
Depois que a ligação entre a zika e
microcefalia passou a ser altamente provável pelas autoridades de saúde
pública, vários especialistas começaram a dar mais ênfase para o fato de o
vírus ter uma predileção por atacar o sistema nervoso central. Na tarde desta
quarta-feira (25), a médica Maria Lúcia Brito Ferreira, chefe do Serviço de
Neurologia do Hospital da Restauração (HR), confirmou que resultados de exames
feitos em seis pacientes com manifestações neurológicas indicam infecção pelo
vírus da zika.
Quatro deles, segundo a médica, apresentaram a síndrome de
Guillain-Barré, uma condição neurológica rara e autoimune que provoca quadro
progressivo de paralisia em membros do corpo e fraqueza muscular. Os outros
dois apresentaram encefalomielite aguda disseminada – uma doença inflamatória
do sistema nervoso central que pode ocorrer após um quadro de infecção.
“Os pacientes investigados tiveram confirmação do vírus da zika
pelo Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, da Fiocruz. Foi feito um estudo do
líquor e do sangue de 69 pacientes do HR com síndromes neurológicas. Até agora,
tivemos esse resultado da presença do vírus em seis deles, o que comprova
infecção viral prévia”, esclarece Maria Lúcia. Ela explica que os pacientes
relataram, antes da manifestação dos quadros neurológicos, manchas vermelhas na
pele, febre, cefaleia e dor articular. “São sinais que fazem a gente pensar na
possibilidade de infecção viral. É bem provável que boa parte dos demais exames
dos pacientes indique infecção pelo vírus da zika, já que muitos deles
apresentaram quadro clínico semelhante.”
A neurologista acrescenta que decidiu fazer a investigação
porque percebeu, de dezembro do ano passado a junho deste ano, um aumento
incomum de pacientes com quadros neurológicos. “Muitos relataram que pessoas da
família manifestaram um quadro viral semelhante, mas não chegaram a desenvolver
manifestações neurológicas. Esse é um ponto que precisamos investigar, pois
aqueles que apresentam síndromes depois de uma infecção viral podem ter um
sistema imunológico mais vulnerável”, reforça Maria Lúcia.
O Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria Estadual de
Saúde, identificou, em Pernambuco, 127 casos suspeitos da síndrome de
Guillain-Barré este ano. Desse total, 46 casos foram confirmados. A associação
entre Guillain-Barré e a possibilidade de infecção viral prévia foi observada
em 22 casos suspeitos. Parte dos pacientes apresentou manchas vermelhas na
pele, dor nas articulações, febre, cefaleia, prurido e dor muscular. Houve
confirmação de zika vírus pelo Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, unidade da
Fiocruz em Pernambuco, em um dos pacientes investigados.
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