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Quem deixou o meu filme mais lento? A Vivo ou o Netflix?

Usuários de banda larga sofrem para assistir a vídeos online com qualidade decente. É difícil encontrar culpados
BRUNO FERRARI

Trecho da série Narcos, do Netflix (Foto: Reprodução)

Como já mencionei no "polêmico" post anterior, passei o último final de semana assistindo à minissérie Narcos, no Netflix. Como todas as séries viciantes que vi nos últimos tempos (em especialHouse of Cards), assisti aos dez capítulos numa tacada só. Comecei no sábado e terminei no domingo. Aguardo ansiosamente pela próxima temporada.
A experiência foi boa, mas poderia ter sido muito melhor. Passei momentos de desespero com a qualidade da imagem, que variava entre o sofrível e o ruim em boa parte do tempo, com lapsos de algo próximo ao HD. Fui às redes sociais fazer uma pesquisa e percebi que muita gente enfrentava problema similar.
A gente se acostumou a pagar caro por serviços que não nos são entregues. Operadoras de banda larga e telefonia se destacam nesse sentido. Uma rápida passagem no site Reclame Aqui mostra que as operadoras dominam as cinco primeiras posições no ranking das mais acionadas por consumidores nesta primeira semana de setembro.
Vou falar de uma delas, mas convido os leitores a trazer exemplos de outras empresas. Moro numa área em São Paulo que tem acesso à fibra óptica da operadora Vivo. O pacote que tenho é de 100 Mbps. Deveria ser mais do que o suficiente para acessar qualquer serviço de internet mais pesado, como o Netflix e o YouTube.
Deveria, mas não é. Por vários momentos, a imagem de Narcosparecia sair de uma fita VHS dos anos 1980, época em que o narcotraficante Pablo Escobar, protagonista da série, estava vivo e fazendo suas crueldades na Colômbia.
Tentei de todas as maneiras amenizar o problema. Sai do Wi-Fi para o cabo. Troquei do Chromecast para a Apple TV. Assisti diretamente no aplicativo da TV. Mudei para o computador... e nada. A imagem melhorava por alguns minutos, mas subitamente travava. Tinha de reiniciar o vídeo em outro dispositivo para voltar a assistir à série.
Fiz dois testes de velocidade em sites que confio. O primeiro me deu velocidade real de conexão de 20 Mbps no Wi-Fi. Bem abaixo dos 100 Mbps contratados, mas ainda assim o suficiente para fazer transmissões em HD. Já no teste com o cabo, a velocidade ficou em 70 Mbps. Vale ressaltar que é um problema que já ocorre há tempos e que pega outros serviços de vídeo, como o YouTube e o Dailymotion.
Bom... a velocidade no teste estava “ok” e ainda assim qualidade do Netflix estava terrível. São duas explicações possíveis:
1. Os servidores do Netflix não estariam dando conta do volume grande de acessos à uma nova série. Em nota, o Netflix disse o seguinte: “Não tivemos nenhum problema com o serviço da Netflix no Brasil durante o fim de semana”. Aqui, vale ressaltar: usuários de outras operadoras me disseram que a conexão estava boa.

2.  A operadora poderia estar fazendo o chamado traffic shaping. Para quem não está familiarizado com o termo, é um sistema que verifica que tipo de serviço online você está acessando e limita o consumo de banda se esse serviço é “gastão”. Para que serve? Num momento de muita demanda, o sistema permite reduzir artificialmente a velocidade de alguns usuários antes que a conexão de todo mundo caia.
As operadoras sempre negaram a prática do traffic shaping, já que ela é proibida no Brasil. A Vivo diz em nota, numa versão resumida: “A Telefônica Vivo não faz nenhum tipo de restrição para acesso ao Netflix ou outro site – seja por meio de traffic shaping ou qualquer outro procedimento. Variações pontuais são inerentes aos serviços de internet. Especialmente em relação ao Netflix, cujo provedor está localizado nos Estados Unidos, certa lentidão no acesso pode ser percebida no início das transmissões que, em poucos instantes, são estabilizadas, mantendo a alta qualidade ao longo do tempo”.
Com o posicionamento dos dois lados, eu deixo a conclusão para o leitor. Enquanto não houver uma fiscalização eficiente da banda larga que nos é oferecida, nos resta imaginar de quem é a culpa.

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Autor Everaldo Paixão

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