Pernambucano disse que governo Temer será um desastre se contar só com o PMDB ou com a oposição
Para Jarbas Vasconcelos, Eduardo Cunha não tem a menor condição de conduzir impeachment na Câmara
Foto: Lia Paula/Agência Senado
Uma das principais vozes nacionais do PMDB, o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PE), afirmou, na manhã desta quarta-feira (9), que um entendimento nacional em torno da presidente Dilma Rousseff (PT) para evitar a saída dela do cargo seria infrutífero, mas avaliou que um eventual governo de coalizão conduzido pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) precisa chamar a parte boa do PT para ajudar, porque uma gestão comandada apenas pelos peemedebistas, ou pela oposição, seria "um desastre".
"Dilma não tem saída. A rejeição chegou a um momento abaixo de 10%, que não tem como. Você tentar um entendimento em torno de Dilma é infrutífero. Não vai dar certo. Mexer no calendário eleitoral para antecipar a eleição é outro problema muito sério. A saída seria uma coalizão nacional em torno do vice-presidente da República. Que não podia ser um governo do PMDB. Se for um governo do PMDB será um desastre. Terá que ser um governo com todos os partidos. Inclusive chamar a parte boa do PT para ajudar nesse governo de coalizão. Chamar o PT para que o PT indique uma pessoa da parte sadia, da parte correta, para participar desse governo de coalizão", afirmou o deputado, em entrevista à Rádio Jornal, do Recife.
Jarbas revelou que no encontro que teve com Temer, há três semanas, quando o vice ainda ocupava a articulação política do Planalto, defendeu que ele não podia mais assumir as tarefas que Dilma pedisse a ele, e chamou a atenção de Michel para a responsabilidade que ele teria. "Chamei atenção de que o governo de coalizão era importante. Falei até nisso do PT. De quem for, no caso dele, convocar todas as forças vivas. Não pode ser um governo de PMDB, ou de PMDB, DEM e PSDB. Não pode. Tem que ser um governo de coalizão nacional", afirmou.
O pernambucano voltou a dizer que o impeachment é um cenário inevitável, mas disse que antes é preciso esperar para ver se a presidente renuncia por conta própria, evitando um processo duro e traumático. "Não existe nada impossível na vida, muito menos em política. A ficha dela não cai porque ela vive no mundo da lua. Ela acha que o mundo é o 'mundo da Dilma', que o governo no Brasil é a Dilma", pontuou o deputado, para quem a crise não chegou ao fundo do poço.
O peemedebista defendeu ainda que a saída para o déficit de R$ 30 bilhões nas contas do governo federal não é o aumento de impostos, como tem sido ensaiado pelo Palácio do Planalto. Para Jarbas, a União tem de onde tirar gastos, mas não tem tido coragem de acentuar o corte. "(O governo) transformou o Bolsa Família em uma compra de votos. Não estou dizendo isso de agora, digo lá de trás. O Bolsa Família é importante, muito importante. Mas ele não pode fazer uma coisa como fez em larga escala, tirando gente da escola, fazendo com que muitas pessoas hoje vivam disso e não queiram sequer trabalhar", pontuou.
Jarbas também reiterou que antes de qualquer processo de impechament, é preciso que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deixe o cargo, porque ele não teria "a menor condição" para conduzir o processo. "Não pode ter um processo de impeachment comandado por uma pessoa que responde crime de formação de quadrilha, corrupção passiva, e outras coisas mais. Essa denúncia do Ministério Público, do Janot, já, já vai ser acolhida pela Suprema Corte. Isso vai ocorrer já na próxima semana ou na outra. E quando acontecer, vai ficar impraticável a presença dele aqui dentro", explicou.
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