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Projeto da Semas em Serra Talhada muda a realidade dos moradores da comunidade de Laginha


Enquanto os moradores de vários estados do País estão mudando a rotina para conviver com a crise hídrica, as 28 famílias da comunidade de Laginha, em Serra Talhada, a 450 quilômetros do Recife, comemoram a chegada da água na porta de casa. “O povo da cidade não me faz inveja, a vida agora tá boa, a gente tem como plantar a horta, liga a torneira e tem água”, afirma a dona de casa Janicléia Batista Silva, que em apenas um mês com água em casa nem pensa em sair da zona rural para ir morar na cidade. Casada a 5 anos e com uma filha de apenas 4 anos, a dona de casa deixava de fazer os serviços de casa para economizar água para beber e dar banho na filha.


A água chegou à comunidade há um mês, graças a perfuração e instalação do sistema simplificado de abastecimento de água do projeto de Implantação de Módulos de Manejo Sustentável da Agrobiodiversidade para o Combate à Desertificação no Semiárido Pernambucano, desenvolvido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e o Ministério do Meio Ambiente.  O projeto atua em outros 13 municípios, escolhidos pela proximidade as zonas de amortecimento de Unidades de Conservação do bioma Caatinga, e foi premiado em 2014 com o Prêmio Dryland Champions, concedido pela United Nations Convention to Combat Desertification (UNCCD)/OUNU), por meio do Ministério do Meio Ambiente, por fazer parte essencial do combate à degradação do solo e à desertificação para o convívio com o semiárido. O poço, perfurado no começo do ano, enche duas caixas d`água com capacidade de 10 e 5  mil litros e atende a comunidade de acordo com a necessidade dos moradores, a perspectiva de abastecimento é até 2020.

Damiana Lopes da Silva, de 43 anos, andava cinco quilômetros pra pegar água no riacho, todos os dias de manhã e a tarde. Há um mês ela comemora a nova vida “sossegada”. “É uma benção, é um sossego poder lavar a roupa em casa, plantar uma roça, tomar banho todos os dias, agora eu não me preocupo”, diz Damiana, que criou os quatro filhos carregando água na cabeça e com um burro pra ajudar a aumentar a quantidade dos baldes.

Com ações distribuídas em cinco eixos: segurança hídrica, segurança alimentar, segurança energética, saneamento básico e capacitação dos professores e agricultores, o projeto pretende transformar a realidade de outras 400 famílias nas 13 comunidades atendidas. Nas capacitações, os moradores definem como podem desenvolver alguma atividade produtiva, que gere renda e respeite o meio ambiente e as condições climáticas do local, como a fabricação de mel, polpas de frutas criação de gado e derivados. Em Laginha, já começaram as obras de 30 banheiros e já foram realizadas as capacitações dos professores e agricultores, além do sistema simplificado de abastecimento que está funcionando.

O Gerente de Programa do Semiárido, Caatinga e Combate à Desertificação da Semas, Sérgio Mendonça, afirma que continua vibrando com os resultados dos projetos. “Isso é política pública, tirar do papel e aplicar na realidade dessas famílias. E como cidadão é muito gratificante participar dessa etapa de mudança na vida dessas pessoas”, afirma o engenheiro florestal, que se diz um apaixonado pelo sertão pernambucano, trabalhando com projetos há mais de quinze anos na região. A engenheira civil da Semas, que acompanha as obras, Kátia Van Drunen, fica com os olhos marejados ao falar dos resultados. “Eu fico emocionada toda vez que venho, é muito importante fazer essas pessoas não dependerem do clima, porque eles vão conviver com a seca pro resto da vida. Mas ter um sustento com dignidade, ter água pra beber, cozinhar e melhorar de vida é essencial”, diz Kátia. A expectativa dos moradores é com a instalação dos fogões ecológicos, que faz parte do item segurança energética.

Rosemere Beatriz de Souza é líder comunitária desde 2001, e não vê a hora de ter seu fogão ecológico. “A expectativa é grande pra fazer meu quintal produtivo, ter um galinheiro maior, plantar pra vender nas feiras e quem sabe até fazer uns bolos pra vender pra quem visitar a Mata da Pimenteira”, revela a agricultora. A Unidade de Conservação Parque Estadual Mata da Pimenteira foi a primeira a ser criada no bioma Caatinga através do decreto nº 37.823, de janeiro de 2012, e possui 887,24 hectares.
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Autor Everaldo Paixão

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