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Jornal alemão publica supostas conversas da caixa-preta do avião

Segundo o tabloide “Bild”, comandante teria gritado: “Pelo amor de Deus, abra a porta”.


FANTÁSTICO Edição do dia 29/03/2015



O jornal alemão Bild divulgou, neste domingo (29),  a transcrição das conversas registradas na caixa-preta do avião da Germanwings, que caiu na França, na última terça-feira (24). São diálogos que revelam, minuto a minuto, o que aconteceu na cabine de comando nos últimos momentos antes do choque. Todos os 150 passageiros e tripulantes a bordo morreram.

O copiloto, um alemão de 27 anos com histórico de problemas psiquiátricos, é apontado como o responsável pelo desastre. As gravações publicadas neste domingo (29) mostram que ele permaneceu frio até o instante final.

Segundo o tabloide alemão, antes mesmo da decolagem, em Barcelona, na Espanha, o comandante Patrick Sonderheiner disse para o copiloto Andreas Lubitz que não tinha tido tempo de ir ao banheiro. O voo partiu para Düsseldorf, na Alemanha, com 20 minutos de atraso, às 10h01.

Às 10h27, o piloto orienta Andreas a preparar o pouso. Andreas, segundo o jornal, diz: "você pode ir agora". O piloto responde: "você pode assumir o controle". O piloto sai da cabine. E ouve-se a porta fechando pela última vez.

Às 10h29, o controle aéreo detecta que o avião começou a descer. O piloto bate na porta e grita: "Pelo amor de Deus, abra a porta". Ouvem-se os gritos dos passageiros. Às 10h35 a caixa-preta registra sons de golpes com um objeto metálico na porta, era o piloto tentando arrombar a cabine. Às 10h36, um alarme dispara um alerta em inglês: “Terrain, pull up", o solo, levante. Em seguida, ouve-se uma nova batida forte na porta e mais um grito do comandante: "Abra a maldita porta".

Às 10h38: enquanto o avião desce é possível ouvir a respiração calma de Andreas. Às 10h40: um som que parece ser o da asa direita raspando em uma montanha. Gritos dos passageiros são ouvidos uma vez mais. São os últimos sons registrados.

O que teria levado o copiloto Andreas Lubitz a cometer tamanha insanidade? É o mistério que a polícia tenta desvendar. O quer que seja que se passava na cabeça de Andreas, ele escondia muito bem. Esportista, aparentemente saudável, ele nunca levantou suspeitas.

“Ele acenava da janela, eu respondia", diz um vizinho.

Um outro conta que o encontrava na rua: “Era uma pessoa educada, muito amigável, sempre tinha um sorriso no rosto.

“Há muitos pacientes que, quando querem se suicidar, eles até dissimulam pra que as pessoas em volta não se apercebam disso e não o impeçam de se suicidar”, explica o presidente da Federação Brasileira de Psicanálise, Aloysio Augusto D’abreu.

Foi o que ele fez, segundo os procuradores franceses, na última terça-feira (24), levando junto 149 passageiros e tripulantes, ao jogar o avião da Germanwings, que ia de Barcelona para Düsseldorf, nos Alpes da França.

A paixão pelos aviões começou cedo. Um aeroclube fica a menos de 2 quilômetros da casa dos pais de Andreas. Foi lá que, aos 14 anos de idade, ele aprendeu a voar de planador, uma atividade que ele nunca parou de praticar. A última vez em que esteve lá foi, no fim do ano passado, para renovar a licença. Segundo sócios do clube, ele também voou de planador sobre os Alpes franceses, uma região que conhecia muito bem, e, justamente, onde o piloto saiu da cabine para deixar Andreas sozinho no comando do avião.

Para o psiquiatra Aloysio Augusto D’abreu, o ato de Andreas Lubitz pode ter sido motivado por vingança. “Essas pessoas odeiam a humanidade, odeiam o próximo. Já que o próximo, o outro, é responsável por todo o seu sofrimento, por todas as suas mazelas. Então, ele disse: ‘Bom, eu vou morrer, mas vou matar essas pessoas também, que são responsáveis pelo meu sofrimento’. ‘Eu vou morrer, mas eu vou me tornar famoso. O mundo todo vai me conhecer’. E ele obteve êxito”, explica.

Foi isso que disse uma comissária de bordo que teria tido um romance de cinco meses com Andreas. Segundo a entrevista dada por ela ao jornal sensacionalista alemão Bild, o copiloto dizia constantemente: ‘Um dia todos saberão o meu nome’. Ela disse que terminou o relacionamento por causa do comportamento estranho de Andreas, que se irritava com facilidade, acordava no meio da noite dizendo ‘estamos caindo’. Andreas teria um relacionamento mais duradouro com uma professora há 7 anos e que também teria ameaçado romper com ele por causa do comportamento.

Andreas e o irmão mais jovem cresceram neste bairro de classe média alta, tão tranquilo que as casas não têm cercas nem muros. Filho de um executivo de um banco e de uma professora de piano, o copiloto morava em uma das maiores casas da rua, que agora está sempre com um carro de polícia na porta. No local, os policias acreditam ter encontrado pistas para explicar o que se passava na cabeça dele para derrubar um avião.

A casa foi revistada várias vezes durante a semana. A polícia recolheu documentos e computadores. E também vasculhou o apartamento que Andreas mantinha em Düsseldorf, perto do aeroporto. Segundos procuradores alemães, a polícia encontrou no apartamento registros médicos, alguns rasgados. Um deles, segundo jornais alemães, era um atestado de um psiquiatra que o dispensava de trabalhar no dia da queda do avião. Segundo a imprensa alemã, também foram encontradas receitas médicas de psicotrópicos, remédios usados para doenças psiquiátricas como a depressão.

Segundo um perito que realiza exames neurológicos para a Agência Nacional de Aviação Civil, Andreas Lubitz deveria ter sido afastado da profissão.


“O piloto não pode ter história nenhum de depressão e nem pode ter usado em algum momento remédios psicotrópicos”, diz Carlos Gerk, médico responsável pelo Centro de Medicina Aeronáutica.

A correspondente do Fantástico nos Estados Unidos, Renata Ceribelli, foi à escola de aviação civil onde Andreas estudou, no Arizona. E onde já tinha dado sinais de problemas psiquiátricos.

Antes de se tornar piloto da Germanwings em 2013, Andreas Lubitz passou por um centro de treinamento que pertence a Lufthansa, mas que também atende outras companhias aéreas. Encontramos as portas da escola de pilotagem fechadas no fim de semana e as bandeiras hasteadas a meio mastro, sinalizando que o clima por lá é de luto.

Nossa equipe tentou conversar com alguns alunos que estavam de folga, mas eles evitaram fazer qualquer comentário.

"Não estamos autorizados a falar. Pediram para não comentarmos o assunto", disse um aluno.

O centro fica a 20 minutos da cidade de Phoenix. E a passagem de Andreas por lá foi rápida.

Andreas Lubitz chegou em um centro de treinamento nos Estados Unidos em 2008. Lá, estudantes de aviação de várias partes do mundo passam quatro meses e meio em um treinamento intensivo. Eles inclusive moram em alojamentos durante o período do curso. O que se sabe oficialmente é que o copiloto interrompeu seu treinamento lá e só completou sua formação tempos depois na Alemanha. E segundo a imprensa alemã, isso aconteceu por causa de uma depressão profunda.

Tentamos confirmar, por email, com a porta-voz da companhia aérea Lufthansa, mas a resposta foi: "não podemos dar nenhuma informação sobre isso". No mesmo email, a porta-voz afirma que interromper o curso não é algo raro. Mas um ex-instrutor do centro de treinamento do Arizona, que conversou com a equipe do Fantástico pela internet esta semana, diz o contrário. O piloto conta que o treinamento aéreo é muito estressante. “Depressão é comum”, diz Allan Neiva. “Você vê o tempo todo. Eu acho que o caso dele era extremo”.
Para um jornalista especialista em aviação, os pilotos deveriam ser monitorados com mais atenção por psiquiatras e pelas empresas.

“Casos de pilotos com depressão, com problemas domésticos e com bebida são bastante comuns. Os baixos salários e a queda do prestígio da profissão são motivos recorrentes”, conta o especialista em aviação William Langewiesche.

Carsten Spohr, diretor executivo da Lufthansa, dona da Germanwings, disse que Andreas passou por todos os exames médicos e psicológicos antes de ser admitido. Nos últimos dois meses, Andreas procurou atendimento duas vezes no hospital universitário de Düsseldorf, que não explicou os motivos, mas informou que as consultas não estavam relacionadas à depressão. O jornal americano New York Times levantou outra possibilidade: Andreas teria problemas de visão, o que poderia abreviar sua carreira de piloto.


São peças de um quebra-cabeça para tentar explicar como alguém consegue pilotar durante 10 minutos um avião lotado, em direção à morte.


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Autor Everaldo Paixão

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