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Voluntário diz que esperava receber dinheiro para instalar comitê de Campos e Marina

Declaração dada durante gravação de vídeo para campanha causou constrangimento à candidata a vice

POR 
O GLOBO


Pernambuco, Reinaldo Mota, Marina, Piauí, Maria da Paixão e Campos durante inauguração de comitê residencial em Osasco
Foto: Marcos Alves / Agência O Globo
Pernambuco, Reinaldo Mota, Marina, Piauí, Maria da Paixão e Campos durante inauguração de comitê residencial em Osasco - Marcos Alves / Agência O Globo

OSASCO (SP). A inauguração do primeiro comitê residencial da candidatura de Eduardo Campos e Marina Silva na Região Metropolitana de São Paulo nesta segunda-feira, em Osasco, causou constrangimento para a vice da chapa presidencial do PSB. Minutos depois de a ex-senadora exaltar, em entrevista, que a montagem desse tipo de espaço representava a “renovação na política”, o dono da casa, Edivaldo Manoel Sevino, conhecido como “Piauí”, afirmou, ao gravar um vídeo para a equipe de campanha, que esperava receber dinheiro pela iniciativa.
Campos também participou da inauguração do comitê, batizado de “Casa de Eduardo e Marina”, mas já havia ido embora no momento da gravação. Os espaços seguem o modelo das “Casas de Marina”, da eleição de 2010, em que os moradores voluntariamente pregam cartazes nas fachadas das residências e assumem a distribuição de material de campanha.

A oferta para “Piauí” teria sido feita por José Ângelo da Silva, o “Pernambuco”, que concorreu ao cargo de vereador na cidade na eleição de 2012 pelo PMN e agora faz campanha para Reinaldo Mota, candidato a deputado estadual pelo PSB e integrante da Rede, o partido que Marina tentou fundar no passado, mas teve o registro negado pela Justiça Eleitoral. Pernambuco foi interpelado por assessor de Marina depois da gravação do vídeo.
Durante a gravação que seria exibida no site da campanha e nas redes socais, Piauí foi questionado sobre os motivos que o levaram a montar uma “Casa de Eduardo e Marina”. Primeiro, perguntou se poderia responder, e, em seguida, fazendo um gesto com a mão, afirmou:
— Esperava receber um unzinho.
Ao ser informado pelo coordenador adjunto de comunicação da campanha, Nilson Oliveira, sobre o conteúdo da gravação, Marina demonstrou irritação.
— Isso é um absurdo — disse para o assessor.
Mais tarde, em outro evento de sua agenda, ao ser indagada sobre as declarações de “Piauí”, Marina confirmou o conteúdo da gravação.
— Meu assessor de imprensa me falou que, quando fez a pergunta, ele (“Piauí”) fez um gesto insinuando a expectativa que você acaba de mencionar (de receber dinheiro). Não trabalho dessa forma, nunca fizemos esse tipo de coisa e isso nem pode de acordo com a lei — afirmou Marina.
A candidata a vice do PSB culpou a cultura política no país pela declaração.
— Agora obviamente que uma pessoa simples, do povo, você tem que entender o universo cultural dela, a visão que ela tem da política. Qualquer coisa dessa natureza é inteiramente inaceitável. Se existe essa expectativa (de receber dinheiro), essa expectativa com certeza é frustrada do ponto de vista dos nossos valores éticos e do conceito do que são as casas.
Marina disse ter pedido a Reinaldo Mota que faça a apuração do episódio para esclarecer se houve por parte de alguém a promessa de pagamento.
A candidata a vice revelou que inicialmente havia ficado “emocionada” com o gesto de “Piauí”. que perdeu o dia de trabalho e pintou a casa para inauguração do comitê. Ele ganha R$ 150 por dia como carregador no Ceagesp (entreposto de mercadorias de São Paulo). De acordo com Marina, a casa de Edivaldo e de sua mulher, Maria da Paixão, havia sido escolhida para receber os candidatos a presidente e vice do PSB pelo “caráter autoral”. O objetivo é evitar residencias de filiados e parentes de candidatos.
— Não é só fazer uma casa de Eduardo e Marina, é também fazer uma doação indireta. Uma pessoa que tudo que ganha é R$ 150 (por dia de trabalho) e de repente abdica disso para nos receber. Quando vocês ficam cobrando os palanques, as estruturas, digo não são as estruturas (que vão definir a eleição). É uma nova postura, essa é a realidade que tem que ser mostrada. A renovação da política é isso aqui — afirmou a ex-senadora, antes da gravação do vídeo.
Reinaldo Mota negou que “Pernambuco” tenha sido contratado por sua campanha como cabo eleitoral.
— O “Pernambuco” é uma liderança regional. Nossa assessoria foi lá e descobriu a casa do “Piauí”. Isso (pagamento pelo uso da casa) não existe, não procede. Podíamos ter escolhido centenas de casa aqui em Osasco, por acaso foi aquela — disse o candidato a deputado estadual, que acrescentou ter conhecido “Pernambuco” em 2012 quando foi candidato a prefeito pelo PMN.
Durante a inauguração do comitê, um grupo de pessoas segurava bandeiras de Mota, Campos e Marina na viela em frente ao local. O catador Sandro Silva Maia, de 40 anos, disse que receberia R$ 15 de “Pernambuco” pelo trabalho.
Pernambuco não quis dar declarações. Ele também pediu a Piauí que não desse entrevista. Maria da Paixão, a dona da casa, afirmou não saber porque o seu marido fez referência ao recebimento de dinheiro durante a gravação para a equipe de campanha.
— Não falaram que a gente iria receber dinheiro.

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Autor Everaldo Paixão

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