JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Após uma série de más notícias, a pesquisa Ibope é um alívio para
Dilma Rousseff (PT). Mostra que a tática do medo ajudou a presidente a
encontrar um piso eleitoral – patamar abaixo do qual é difícil cair – em
torno de 40%. É o dobro da intenção de voto do adversário mais próximo.
Parece confortável, mas não é.
O problema de Dilma é que seu teto eleitoral está baixo. Na simulação
de segundo turno contra Aécio Neves (PSDB), a presidente aparece com
43%, apenas três pontos a mais do que sua intenção de voto no primeiro
turno. Contra Eduardo Campos (PSB), a taxa de Dilma é ainda menor: 42%.
Se, por um lado, a presidente parou de cair, por outro, ela terá mais
dificuldade para subir além do que já conseguiu recuperar desde abril. A
raiz do problema é a avaliação do governo. A taxa de quem acha sua
administração ruim ou péssima continuou crescendo em maio e chegou a
inéditos 33%. Está cada vez mais perto dos 35% que acham seu governo
ótimo ou bom.
Não por acaso, a taxa de rejeição de Dilma também está em um terço do
eleitorado. É bem mais alta do que a de Aécio (20%) e a de Eduardo
(13%). A de Dilma ficou estável, enquanto a dos rivais caiu – ao mesmo
tempo que eles se tornaram mais conhecidos do eleitor por força de suas
propagandas na TV.
Há uma polarização crescente do eleitorado, entre simpatizantes do
governo e quem não o suporta. As opiniões estão se radicalizando –
fazendo cair, por exemplo, a taxa de quem acha o governo regular. Aos
poucos, o eleitor está descendo do muro.
Faz parte da estratégia petista provocar essa divisão do eleitorado. A
propaganda do PT no rádio e na TV procurou enfatizar quem é governo e
quem é oposição, quem quer continuidade e quem quer mudança. Deu certo,
ao menos em parte.
O Ibope mostra que aumentou marginalmente a taxa de pessoas que
desejam a continuidade dos programas governamentais e daqueles que
aprovam o governo e declaram voto em Dilma. De quebra, a presidente
mostrou aos aliados reticentes, principalmente do PMDB, que ela continua
com chances no jogo eleitoral. Abandonar sua canoa agora é mais difícil
o que era antes da pesquisa.
A contraparte da tática petista é que ela deixa mais claro para o
eleitor de oposição quem são os adversários da presidente. Dobrou a taxa
de intenção de voto de Eduardo Campos entre os eleitores que querem
mudar tudo ou quase tudo (de 7% para 14%). Aécio também cresceu no
eleitorado mudancista: de 18% para 25%, e empatou tecnicamente com Dilma
(ela tem 27%) nesse segmento.
Por ter sido feita após a série de propagandas partidárias dos três
principais candidatos, a pesquisa Ibope mostrou, mais do que as
anteriores, como a propaganda de TV é importante para a definição dos
rumos da campanha. Foi uma prévia do que deve acontecer a partir de
agosto, quando o eleitor não terá mais como escapar do debate eleitoral.
Eduardo Campos, Aécio e depois Dilma, todos se beneficiaram das
propagandas de seus partidos na TV. É um sinal de como o palanque
eletrônico é cada vez mais decisivo na eleição.
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