Viúva do coronel reformado Paulo Malhães afirmou que um dos invasores seria parente de pessoa assassinada por ele na ditadura militar (Pedro Kirilos/Agência O Globo)
A Comissão da Verdade do Rio informou que um dos invasores do sítio do coronel da reserva do Exército Paulo Malhães, encontrado morto na sexta-feira, disse ser parente de alguém que o oficial teria assassinado. A afirmação, ouvida pela viúva do oficial, Cristina Batista Malhães, reforça a hipótese de vingança, apesar da polícia ter dito que a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte) representa a principal linha de investigação do caso.
Cristina foi mantida presa pelos três invasores armados, ao lado de Malhães e do caseiro, identificado pela polícia apenas como Rogério. A viúva ouviu do mesmo homem referências ao município de Duque de Caxias durante o assalto.
A invasão aconteceu na quinta-feira no sítio onde o casal morava na zona rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Em depoimento à polícia, a viúva contou que os criminosos chegaram a tentar enforcar Cristina para forçar o coronel a revelar onde guardava sua coleção de armas, apontada como principal interesse dos ladrões. Depois de fugirem, constatou-se que o oficial, deixado de bruços com o rosto sobre um travesseiro, havia morrido. A guia de sepultamentodivulgada no sábado apontou como causa complicações cardíacas. A Polícia investiga a possibilidade de asfixia. Somente um laudo definitivo do Instituto Médico-Legal determinará o que matou o militar.
O coronel foi enterrado no sábado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no mesmo dia em que a Polícia Civil fez uma perícia no sítio. Os criminosos levaram, além das armas, dois computadores, joias e dinheiro. Os invasores ficaram no local das 13h às 22h, tempo demasiado para um roubo corriqueiro, acredita a polícia. Um deles estava mascarado e todos, segundo a Polícia, usavam luvas. Do lado de fora, teriam ficado mais duas pessoas, supostamente responsáveis pela fuga.
A Comissão da Verdade do Rio reúne-se nesta segunda para discutir a possibilidade de pedir o acompanhamento de perto das investigações. Os conselheiros, que não descartam a possibilidade de motivação política para o crime, vão discutir se enviam um ofício com o pedido ao secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
Depoimento – Ex-integrante de órgãos de repressão do regime militar de 1964-85, Malhães admitiu ter participado da tortura, assassinato e desaparecimento de militantes políticos em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, em março. Ele contou detalhes sobre ofuncionamento da Casa da Morte de Petrópolis, na Região Serrana fluminense, um centro clandestino de tortura e homicídios, e afirmou que foi encarregado pelo Exército de desenterrar e sumir com o corpo do deputado Rubens Paiva, desaparecido em 1971.
(Com Estadão Conteúdo)
Enterro do coronel da reserva Paulo Malhães, neste sábado, 26 de abril, no cemitério de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense - Pamela Oliveira
Enterro de Paulo Malhães, coronel da reserva do exército, neste sábado, no cemitério de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense - Pamela Oliveira
Familiares no enterro do coronel da reserva Paulo Malhães, neste sábado, no cemitério de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense - Pamela Oliveira
Investigadores realizam perícia no local onde o coronel da reserva Paulo Malhães foi encontrado morto em Nova Iguaçu na Baixada Fluminense - Pamela Oliveira/Veja
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