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PARA EXPLODIR NA REDE

Ter um canal no YouTube e lançar mão de aplicativos e redes sociais tornou-se imprescindível na carreira de artistas. O uso dessas ferramentas criou uma guerrilha midiática

Ivan Claudio e Ana Weiss

Segunda-feira é um drama para qualquer pessoa. Menos para a trupe de humor Porta dos Fundos. É nesse dia que o grupo carioca “sobe” um novo vídeo tirando sarro de assuntos do momento e, em menos de 24 horas, comemora um milhão de acessos. Com esquetes que já atingiram a marca de 13 milhões de cliques, Antonio Pedro Tabet, Ian SBF, Gregório Duvivier, Fábio Porchat e João Vicente de Castro emplacaram o seu canal no YouTube como o mais popular do Brasil e o sexto mais visitado do mundo. Acumulam até agora cerca de 640 milhões de visitas dos apreciadores da piada criativa. Como eles, outros artistas estão aprendendo a usar a seu favor a maior plataforma de vídeos do mundo. Impulsionada pelo videoclipe mais visto do ano, “O Show das Poderosas” (80 milhões de acessos), a cantora Anitta viu seu cachê atingir R$ 120 mil e sua agenda de shows congestionar: só em dezembro foram 14 apresentações de norte a sul do País. O recado é óbvio: hoje a visibilidade de um artista começa pelos meios digitais. Mas não basta abrir um canal e sair postando coisas feito louco, como fazem os usuários do Facebook. Também aqui, é preciso “target”. “O Porta dos Fundos e a Anitta conseguiram acertar o alvo, cercam o usuário postando seus trabalhos no Twitter, no Instagram, em blogs, de maneira que são inevitavelmente direcionados para o canal deles. Como o conteúdo é monetizado, vira negócio”, afirma Federico Goldenberg, gerente de parcerias estratégicas do YouTube.
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No embalo dos cliques, Fábio Porchat (acima) e o Porta dos Fundos
vão lançar mais um canal e uma série. Anitta (abaixo) vai usar todas
as plataformas digitais para bombar seu primeiro DVD
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No novo ambiente de canais, aplicativos e redes sociais, valem as mesmas regras que regem a publicidade em outras mídias – mas com possibilidades ainda difíceis de mensurar. Em razão de seu alcance internacional, o YouTube abre para o artista um público potencial de 1 bilhão de usuários, em comunicação direta. E é nessa forma de lidar com o fã que reside a novidade da produção cultural no meio imersivo e interativo da internet. Anitta, por exemplo, está trabalhando a gravação de seu primeiro DVD, marcado para o dia 15 de fevereiro no HSBC Arena, no Rio de Janeiro, fazendo uso de todos os suportes disponíveis. Sua produção criou um hotsite e vai marcar todas as peças de divulgação do show, que incluem flyer, bolacha de chopp e até saquinho de lixo de praia, com o hashtag #dvdanitta, unindo a comunicação online e offline. A estratégia é certeira: em cinco dias de exibição no YouTube, o teaser do espetáculo, com 15 segundos, atingiu 31 mil views. Responsável pelo que chama de “arquitetura de imagem” da cantora, a assessora Patricia Casé acredita que essa diversidade de alvos é imprescindível hoje. Mas o artista tem de saber usá-los sob o risco de provocar o efeito contrário. “É preciso evitar o que a gente apelidou de ‘beijo nervoso’, a mania de se postar coisas sem ter noção do que está dizendo. Nosso trabalho é fazer o cantor ou ator ter consciência de que tudo isso é mídia. Esse é o dever de casa de todo dia.”
A força dessas novas ferramentas é evidente e está passando a ser coordenada por uma “curadoria” de conteúdo digital, voltada para sites, páginas de Facebook, Twitter e Instagram. Sócia-diretora de conteúdo da agência Espalhe MSL, a jornalista Patrícia Albuquerque define essa realidade midiática como “guerrilha digital”. “Hoje 50% dos acessos à internet se relacionam com o vídeo.
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Novos formatos como o programa "Sofá da Vevo", cujo piloto vai reunir Rogério Flausino,
do Jota Quest, e Tulipa Ruiz, prometem invadir a rede
O segredo é combinar as plataformas. A comunicação que interessa não é mais aquela unidirecional, mas a que permite mão dupla, em que o público ajuda a construir e alimentar.” Seria uma ingenuidade, contudo, imaginar que essa relação acontece de forma espontânea, por pura interatividade. Mesmo o YouTube, que não costuma interferir no conteúdo dos vídeos, acompanha o que se passa com os mais “bombados”. O Porta dos Fundos, por exemplo, foi aconselhado pela empresa a pensar mais no potencial internacional – existe o desejo de se fazer, inclusive, uma parceria no Exterior.
O que é certo, contudo, é que a trupe incorreta vai lançar um novo canal (atualmente possuem quatro) e uma série. “Ainda está cheio de bola quicando na frente do gol sem ninguém chutar”, diz Antonio Tabet. “Imagina o sucesso de um canal de documentários ou uma telenovela feita diretamente para a internet?” De olho nessas possibilidades, a Vevo, que reúne artistas das gravadoras Universal Music, Sony e EMI, está apostando em projetos como os espetáculos relâmpagos “Go Show” e o programa “Sofá da Vevo”, que vai unir dois artistas de linhas diferentes num papo sobre preferências comuns (o programa-piloto vai reunir Tulipa Ruiz e Rogério Flausino, de Jota Quest). “O lançamento de um videoclipe hoje na Vevo tem um impacto muito maior do que na tevê aberta”, diz Bruno Telloli, diretor de conteúdo da empresa, que veicula o material oficial dos grandes artistas. “É um evento mundial.”
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Fotos: Montagem sobre foto de Pedro Dias/ Ag. Istoé; Divulgação
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Autor Everaldo Paixão

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